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PS: "PSD não é capaz de olhar para o sistema financeiro como um pilar da economia"
Parlamento debateu projectos do BE, PCP e PSD sobre Novo Banco. Sociais-democratas acusam partidos à esquerda do PS por fazerem "tiros de pólvora seca". PS preferiu atacar PSD por propor renegociação do empréstimo do Fundo de Resolução ao Novo Banco.
Eurico Brilhante Dias acusou esta sexta-feira o PSD de se ter transformado num partido que "não é capaz de olhar para o sistema financeiro como um pilar da economia" ao defender a revisão das condições do empréstimo do Fundo de Resolução ao Novo Banco. O deputado do PS defendeu que o partido liderado por Passos Coelho está "mais próximo do PCP e do Bloco de Esquerda".
As declarações do parlamentar socialista foram feitas no Parlamento, onde foram debatidas vários diplomas do PCP, do Bloco de Esquerda e do PSD sobre questão relacionadas com a banca.
Os parceiros do Governo entregaram projectos a defender a nacionalização do Novo Banco, depois do Executivo ter decidido vender o Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star. Já o PSD apresentou um projecto de resolução a recomendar a renegociação das condições do empréstimo do Fundo de Resolução do Novo Banco, que era de dois anos e que o Governo alargou por mais 30.
Brilhante Dias estranhou que o PSD peça no parlamento a renegociação de um empréstimo contraído quando o partido estava à frente do Governo, juntamente com o CDS, "e que o sistema financeiro não pode pagar em dois anos". E como não pode pagar o destino seria a "resolução", argumentou o parlamentar socialista para sustentar a acusação ao PSD.
Antes, o deputado social-democrata António Leitão Amaro tinha afirmado ainda ser do tempo em que as esquerdas "gritavam que eram contra mais dinheiro para a banca" e acusou Bloco de Esquerda e PCP de darem "tiros de pólvora seca" ao levarem ao Parlamento projectos de resolução que à partida têm chumbo garantido já que "ainda [têm] mais custos" para os contribuintes. Leitão Amaro lembrou que a estimativa de que o impacto orçamental ainda seria superior é do próprio Governo que BE e PCP apoiam na Assembleia.
Também o CDS acusou os partidos à esquerda do PS de promover "um dos maiores actos de fingimento" no Parlamento. A centrista Cecília Meireles desafiou a deputada bloquista Mariana Mortágua a "fazer alguma coisa além de se aborrecer", numa referência ao projecto de resolução do Bloco sobre o "descontentamento pela decisão de venda do Novo Banco sem consulta à Assembleia da República".
Mortágua respondeu que PSD e CDS devem "concentrar-se em encontrar" propostas próprias e lembrou que o Bloco votou a favor do aumento da contribuição extraordinária sobre a banca ao contrário do CDS.
No debate, o deputado do PCP Miguel Tiago defendeu a proposta comunista de integrar o Novo Banco no sector público bancário, bem como a identificação do património dos que lesaram o banco e a "renegociado a dívida privada no Novo Banco".