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Passos quer esclarecimento sobre interferência de Costa na banca
É preciso um "esclarecimento tão transparente quanto possível" sobre a interferência do primeiro-ministro nos negócios de Isabel dos Santos na banca portuguesa, afirma o líder do PSD. António Costa disse no sábado que resolve os problemas da banca e deu o exemplo do BPI.
"Não temos boa memória dos tempos em que os governos e os primeiros-ministros se envolviam em processos societários que não respeitam ao Estado, respeitam aos privados, e era muito importante que houvesse um cabal esclarecimento dessa matéria", disse Pedro Passos Coelho, citado pela Lusa, à margem de uma visita à Feira do Folar de Valpaços, Vila Real, este domingo, dia 20 de Março.
Para o líder do PSD, é preciso que os governos "salvaguardem a sua independência e a sua isenção de processos que não estão sob a sua alçada direta" e, por isso, espera que haja um "esclarecimento cabal desta matéria".
É preciso um "esclarecimento tão transparente quanto possível" sobre a alegada interferência direta do primeiro-ministro nos negócios entre a empresária angolana Isabel dos Santos e o setor bancário.
Em causa estão declarações do primeiro-ministro no sábado, dia 19 de Março, no Porto, que acontecem depois de o Expresso ter revelado que o acordo entre Isabel dos Santos e o CaixaBank para se resolver o impasse no BPI teve a intervenção de António Costa que reuniu quer com a empresária angolana quer com o banco da catalunha. O Expresso revela ainda que a empresária angolana foi autorizada a entrar no capital do BCP:
Depois de afirmar que o seu governo tudo fará para garantir a estabilidade do sistema financeiro, dizendo que o seu governo não vira a cara "a resolver os problemas que necessitam de ser resolvidos [no sistema financeiro]", António Costa deu dois exemplos: "foi o que fizemos com o Banif, é o que fizemos [sic] com o BPIe é o que faremos com o Novo Banco e é o que faremos com todos porque há que virar a página da instabilidade sobre o nosso sistema financeiro".
PSD recorda Sócrates
Logo nesse dia, sábado, ainda antes das declarações de António Costa, o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD revelou que que enviou ao Governo um conjunto de oito perguntas sobre a interferência nos negócios entre a empresária angolana e o sector bancário e recordou casos do passado envolvendo o governo de José Sócrates.
"Os governos socialistas de José Sócrates, um deles com a participação do atual primeiro-ministro, intervieram em negócios privados, na banca, em empresas de telecomunicações e na comunicação social. Essas interferências políticas em negócios privados dão mau resultado, o país já viu esse filme", recordou o deputado social-democrata, Leitão Amaro, referindo-se à antiga PT e a bancos como a Caixa Geral de Depósitos ou o BCP.
"O PSD vai pedir esclarecimentos. O que aqui está em causa, a ser verdade, é demasiado grave e precisa de um cabal esclarecimento. A que título, com base em que poder, interveio ou participou, como negociante, nas relações entre acionistas privados e bancos privados?", perguntou Leitão Amaro.
Um acordo ainda desconhecido
Na quarta-feira, dia 16 de Março, o CaixaBank comunicou ao mercado que ainda não tinha chegado a acordo com Isabel dos Santos. Uma comunicação concretizada na sequência de notícias no Expresso e do Negócios que davam como certo esse entendimento. E que estavam a provocar uma acentuada valorização dos títulos do BPI.
O BPI encerrou a semana que terminou a 18 de Março a valer 1,2880 euros, contra 1,2360 na sexta-feira anterior.