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Oitante vende unidade de imobiliário e malparado a participada do Santander e do Apollo
O fundo Altamira, detido em 85% pelo fundo Apollo e em 15% pelo Santander, vai gerir e vender 1,5 mil milhões de euros em imóveis e malparado que pertencem à Oitante. O veículo que ficou com os activos que o Totta não quis.
A Oitante, que ficou com os activos do Banif que o Santander Totta não quis, fez um negócio com a Altamira, a gestora de activos detida em 85% pelo fundo americano Apollo e em 15% pelo próprio Santander.
Na prática, são duas as operações que estão em causa neste negócio: o veículo de gestão de activos português vendeu à Altamira a unidade gestora de activos imobiliários e gestora da carteira de crédito; além disso, a Oitante fechou um contrato de prestação de serviços em que a Altamira fica responsável por gerir e vender imóveis e malparado avaliados em 1,5 mil milhões de euros, que permanecem no balanço do veículo.
"A operação de alienação foi estruturada de modo a não só assegurar à Oitante um encaixe financeiro importante, mas também a preservação dos postos de trabalho afectos às unidades de negócio alienadas", indica o comunicado emitido pela Oitante. Valores da transacção não existem, como tem acontecido com as operações que a Oitante, liderada por Miguel Barbosa, tem realizado desde que foi constituída, a 20 de Dezembro de 2015, data da resolução aplicada ao Banif.
Com esta operação, a Apollo e o Santander ficam indirectamente, através de uma participada, com activos com que já estiveram relacionados. Na resolução de 20 de Dezembro de 2015, o Santander Totta, banco de direito português do grupo espanhol, adquiriu os activos e os passivos do Banif que pretendia, tendo transitado para a Oitante os imóveis e créditos de difícil recuperação que o banco liderado por António Vieira Monteiro não queria. O fundo americano Apollo foi concorrente do Santander pelo Banif mas acabou por perder já que, segundo concluiu a comissão de inquérito, ao contrário do banco de capitais espanhóis, não apresentou uma oferta vinculativa.
Com a transacção, a responsável pela venda e gestão do imobiliário e do crédito malparado é uma gestora imobiliária especializada, a Altamira (onde o Santander tem 15% mas que queria readquirir na totalidade, conforme foi noticiado pela imprensa espanhola, embora não tenha chegado a acordo com a Apollo).
Segundo o jornal espanhol Voz Pópuli, além da Altamira, também a Servihabitat, 49% do CaixaBank, estava na corrida por este contrato com a Oitante. O veículo diz que ao concurso lançado para esta operação correu um "conjunto bastante alargado de interessados".
O que é que a Oitante já vendeu
A Oitante ficou com um conjunto de activos imobiliários e de crédito de difícil recuperação que, no fim-de-semana de 19 e 20 de Dezembro de 2015, o Santander Totta decidiu que não se enquadravam na carteira de activos que queria adquirir. Tinha uma missão: vender e liquidar aqueles activos. A sociedade foi criada por determinação do Banco de Portugal sendo que o seu primeiro nome foi Naviget, depois alterado para Oitante, igualmente nome de um instrumento de navegação.
Desde aí, foram já várias as transacções realizadas. A Açoreana, onde a Oitante tinha 48%, foi vendida ao fundo americano Apollo, que já tinha adquirido a Tranquilidade, que pertencia ao antigo Grupo Espírito Santo. O Banif – banco de investimento passou para a empresa de Hong Kong Bison Capital. O Banif Malta foi para um grupo do Qatar, Al Faisal International. Em 2017, concluíram-se já as alienações do Banif Pensões à Real Vida, da Patris, e ainda da Gamma, sociedade de titularização de créditos, que foi para o Santander Totta.
Não se conhece exactamente o conjunto dos activos e passivos que constam da Oitante, tendo em conta que os balanços e os resultados desde a sua constituição continuam por revelar.
A Oitante beneficia de uma garantia estatal de 422 milhões de euros, um valor que faz com que o preço da resolução do Banif possa ascender a 3.000 milhões de euros.
(Notícia actualizada com mais informações às 11:54)