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Novo Banco vende banco de Cabo Verde após falhanço do negócio com José Veiga
O Novo Banco acordou com uma empresa do Bahrein a venda de 90% do Banco Internacional de Cabo Verde, ficando com 10%. A instituição financeira não revela o preço, mas adianta que o impacto no rácio é neutro.
O Novo Banco assinou o contrato para vender o seu banco em Cabo Verde. A compradora é uma sociedade constituída no Bahrein, no Médio Oriente. É a segunda tentativa de alienação da instituição financeira, depois de, em 2016, ter falhado a alienação ao grupo de investidores liderado pelo empresário José Veiga.
"O Novo Banco, S.A. celebrou com a sociedade IIBG Holdings B.S.C., sociedade constituída no Bahrein, um contrato de compra e venda de 90% do capital social do Banco Internacional de Cabo Verde, S.A", indica em comunicado o banco presidido por António Ramalho.
À Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição financeira não revela o preço, dizendo apenas que a conclusão da transacção – "que se encontra dependente das necessárias aprovações, nomeadamente junto do Banco de Cabo Verde" – terá um "impacto neutro" no rácio que mede o peso do melhor capital do Novo Banco, o Common Equity Tier 1.
O Novo Banco vai manter 10% na instituição financeira, em linha com o que fez com o Novo Banco Ásia, onde ficou com 25%. O Banco Internacional de Cabo Verde, o antigo Banco Espírito Santo Cabo Verde, teve, em 2015, um lucro de 2,6 milhões de escudos de Cabo Verde, equivalente a 23 mil euros ao câmbio actual.
"Esta transacção representa mais um importante passo no processo de desinvestimento de activos não estratégicos do Novo Banco, prosseguindo este a sua estratégia de foco no negócio bancário doméstico", repete a instituição financeira, como tem acontecido na venda de activos.
A assinatura do contrato promessa é dada numa altura em que o próprio Novo Banco está em processo de alienação à Lone Star (também aqui, o accionista Fundo de Resolução manterá 25% do capital no Novo Banco).
A venda falhada
O Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) estava na lista de desinvestimentos do Novo Banco desde 2015, altura em que foi classificada nas contas como um activo disponível para venda. E, mesmo depois de ter chumbado a venda ao empresário José Veiga, a instituição financeira herdeira do Banco Espírito Santo manteve a intenção de se desfazer daquele activo.
Ainda sob a presidência de Eduardo Stock da Cunha, no final de 2014, o Novo Banco colocou à venda o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV). Houve 11 interessados, quatro assinaram o acordo de confidencialidade, mas só um passou à fase de propostas vinculativas. Houve um vencedor: o Groupe Norwich, que juntava investidores luso-africanos liderados por José Veiga. Só que a transacção, que daria 14 milhões ao banco herdeiro do BES, não chegou a ir em frente.
"O Banco de Portugal deliberou opor-se à concretização da venda, com base no conhecimento da existência de investigações relacionadas com a operação e tendo em vista a protecção reputacional do Novo Banco", justificou o supervisor da banca em Fevereiro de 2016. O Banco de Cabo Verde, regulador no país, também se opôs, apontando, entre outros, dúvidas sobre a idoneidade do comprador.
Semanas antes tinha surgido notícias em torno do empresário e antigo agente de jogadores de futebol. José Veiga fora detido e indiciado de participação em crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal no âmbito da operação Rota do Atlântico.
(Notícia actualizada às 17:12)