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Novo Banco: Jerónimo de Sousa acusa Governo de "encher a barriga ao grande capital"

Jerónimo de Sousa acusou hoje o Governo de "encher a barriga ao grande capital", face à nova injeção de dinheiro no Novo Banco, reafirmando a necessidade de se reverter a privatização.

Miguel A. Lopes /Lusa
02 de Março de 2019 às 23:15
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"Quando os trabalhadores reivindicam o aumento do salário mínimo nacional, quando professores, enfermeiros, forças de segurança, profissionais de justiça procuram conseguir as suas legítimas reivindicações, não há dinheiro. Então, que expliquem como é que há esta facilidade de encontrar mais 1,14 mil milhões de euros para encher a barriga ao grande capital", questionou o secretário-geral do PCP, que falava num jantar da CDU, no concelho da Marinha Grande.

O povo, vincou, "pode, na sua maioria, não perceber nada de economia, mas pode perceber que algo está errado" no processo do Novo Banco, vincou Jerónimo de Sousa, referindo-se ao anúncio, na sexta-feira, de que este banco ia pedir uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Durante o seu discurso, o secretário-geral do PCP referiu que o que está a acontecer "é o resultado de um acordo de venda que permite ao fundo americano obter 3,9 mil milhões de euros do Estado português", reiterando que "só a reversão da privatização do Novo Banco pode impedir a entrega de cerca de 8 mil milhões de euros a um grupo privado do sistema financeiro, que são o resultado da resolução do BES e da venda do Novo Banco à Lone Star".

Nesse sentido, Jerónimo de Sousa defendeu aquilo que o PCP já tinha afirmado em comunicado, na sexta-feira: "Se o Estado paga o banco, o Estado deve gerir o banco".

"Insinuam-se dificuldades. Que não há dinheiro para tudo, mas camaradas, parece que só há dificuldades quando se trata de resolver os problemas dos trabalhadores e das populações, porque para a banca e para encher os bolsos do grande capital nunca se levantam problemas. É sempre à escala de milhões e de milhões", criticou.

Jerónimo de Sousa falava para uma plateia de militantes, nas Figueiras, concelho da Marinha Grande, onde também discursou o cabeça de lista da CDU (coligação PCP e "Os Verdes") às eleições europeias de 26 de maio, João Ferreira.

Na sexta-feira, o Novo Banco anunciou que vai pedir uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, tendo o Ministério das Finanças anunciado que "considera indispensável" a realização de uma auditoria para escrutinar o processo de capitalização deste banco.

No ano passado, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injeção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução, pelo que, a concretizar-se o valor pedido agora, as injeções públicas ficarão em mais de 1.900 milhões de euros.

O Novo Banco, que ficou com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES) - resgatado no verão de 2014 -, é desde outubro de 2017 detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% propriedade do Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal).

A Lone Star não pagou qualquer preço, tendo acordado injetar 1.000 milhões de euros no Novo Banco, e negociou um mecanismo que prevê que, durante oito anos, o Fundo de Resolução injete até 3,89 mil milhões de euros no banco por perdas que venha a registar num conjunto de ativos 'tóxicos' e alienações de operações não estratégicas (caso ponham em causa os rácios de capital da instituição).

Em 2018 o Novo Banco registou prejuízos de 1.412 milhões de euros.

 

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