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Novo Banco aumenta exposição a grandes devedores em 750 milhões em seis meses

De acordo com os dados agregados divulgados pelo Banco de Portugal, o banco liderado por António Ramalho aumentou em 753 milhões de euros a exposição aos grandes devedores entre junho e dezembro de 2018.

António Cotrim/Lusa
03 de Setembro de 2019 às 18:42
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O Novo Banco aumentou a exposição aos grandes devedores em mais de 700 milhões de euros em apenas seis meses. Os dados foram revelados esta terça-feira, 3 de setembro, pelo Banco de Portugal, depois de o banco ter recebido mais uma injeção de capital em maio.

De acordo com os dados, o Banco de Portugal calcula que, a 31 de dezembro de 2018, o banco liderado por António Ramalho tinha uma exposição superior a 5,2 mil milhões de euros. Um valor que compara com os 4,4 mil milhões de euros registados até junho desse mesmo ano. Este aumento pode ser explicado pela entrada em incumprimento de mais empresas junto do Novo Banco. 

Os números referentes a 30 de junho de 2018 mostram que existiam 33 grandes devedores com dívidas superiores a 43,3 milhões de euros. Aumentaram para 36 grupos económicos em incumprimento até dezembro do ano passado, com as perdas a crescerem para 4.151 milhões face aos anteriores 3.542 milhões de euros. 

Ainda assim, o banco conseguiu reduzir as imparidades em 240 milhões de euros e ver o capital reembolsado aumentar em 271 milhões, compensando em parte o aumento das perdas.


Também a Caixa Geral de Depósitos é outro dos bancos com maior nível de exposição aos grandes devedores da banca nacional, tendo recebido a última ajuda pública em 2017. Nessa data, tinha uma exposição de 2,8 mil milhões aos grandes devedores. Por essa altura, registava imparidades de mais de 1,6 mil milhões e já tinha registado perdas efetivas de 1,9 mil milhões com estes clientes.

Limiar para os devedores mantém-se

Para a elaboração do relatório que revela os montantes em dívida pelos maiores devedores da banca tomou-se como referência o valor das ajudas públicas concedidas a cada banco. "Foram consideradas as operações com perdas associadas e de valor correspondente a pelo menos 1% do montante total dos fundos mobilizados, mas nunca inferior a 5 milhões de euros", conforme explicou o Banco de Portugal em julho. No caso do Novo Banco, este limiar mantém-se nos 43,3 milhões de euros, apesar do aumento das ajudas públicas. 

"Já tendo sido feito, no âmbito do relatório extraordinário, um reporte e disponibilizada informação com base num valor de referência inferior (43,3 milhões de euros), considerou-se mais adequado manter esse mesmo montante para efeitos do novo reporte", explica o banco central. "Ao manter-se o conceito de grande posição financeira, em vez de o atualizar com base no novo montante total máximo de fundos públicos disponibilizados ao Novo Banco, como resultaria da lei, é aumentado o grau de exigência e de abrangência de reporte", acrescenta. 

Caso este valor fosse atualizado perante a nova injeção, o limiar iria subir para os 51,8 milhões de euros, refere o regulador nos dados divulgados esta terça-feira.

O banco liderado por Carlos Costa é obrigado a atualizar estes números devido à lei dos grandes devedores que foi aprovada em fevereiro no Parlamento. Esta define que têm de ser conhecidos os grandes devedores em situação de incumprimentos num banco que receba ajuda estatal. O Novo Banco recebeu nova injeção do Fundo de Resolução em maio, de 1.149 milhões de euros. 

A atualização é feita depois de, em maio, o Banco de Portugal ter divulgado o relatório extraordinário sobre os maiores devedores da banca, mas omitindo os números que foram reportados pelas instituições financeiras. Depois de a Assembleia da República ter forçado a divulgação do relatório completo, os números foram revelados, ainda que os nomes dos clientes sejam mantidos em segredo.

O montante das imparidades registadas para cada cliente, por exemplo, também não é conhecido, sendo revelado apenas o montante global de imparidades que cada banco registou com os maiores devedores. Ao mesmo tempo, os dados são relativos à data em que os bancos receberam a última injeção de dinheiros públicos, pelo que não é possível comparar dados entre instituições, uma vez que todas recorreram ao Estado em momentos diferentes.

(Notícia atualizada às 18:59 com mais informação)

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