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Norberto Rosa diz não haver "nenhum fator que ponha em causa" a sua idoneidade
O antigo administrador da CGD explicou aos deputados o processo, desde que recebeu o convite do BCP à decisão de desistir do processo e ir para a Associação Portuguesa de Bancos. E garante que a sua idoneidade nunca esteve em causa.
Norberto Rosa garante que a sua idoneidade nunca esteve em causa. Isto depois de o gestor ter decidido ir para a Associação Portuguesa de Bancos (APB) e desistido de ocupar o cargo de administrador do BCP, ainda antes de chegar a resposta do Banco Central Europeu (BCE) relativamente ao chamado processo de "fit and proper". Esta avaliação teve em conta o facto de ter estado na Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Depois de o BCP ter informado o BCE de que Norberto Rosa tinha desistido de ocupar o cargo de administrador no banco, "enviei um email ao BCE a clarificar que, no meu entender, não considerava que houvesse nenhum fator que pudesse pôr em causa [a ida para o BCP], quer em termos de currículo, quer em termos de idoneidade", explicou o gestor aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD.
De acordo com Norberto Rosa, "não houve uma não-autorização do BCE". O gestor, que exercia funções no Banco de Portugal quando foi convidado para o BCP, pediu em julho de 2018 a passagem à reforma no regulador, de forma a não exercer os dois cargos ao mesmo tempo. Foi nessa altura que foi levantada uma questão: "o facto de na ficha de candidatura ter referido que no período em que exerci funções na CGD tinha havido processos de contraordenação contra a instituição, embora não fosse arguido".
"No entanto, o BdP solicitou ao BCP todos esses processos". O banco liderado por Miguel Maya pediu essa mesma informação à Caixa, que, por razões de sigilo profissional, não cedeu os documentos.
"Fui depois informado, de forma informal, de que tinha sido entregue o relatório da EY e que, tendo estado presente como administrador da CGD nesse período, o relatório teria de ser analisado", continua.
Entretanto, o BCP voltou a fazer uma avaliação e "reiterou a minha adequação". Esta conclusão foi depois enviada para o BdP e para o BCE, tendo ido a Frankfurt a uma entrevista no banco central, em outubro. Foi neste encontro que foi questionado sobre o cumprimento da regulamentação interna da CGD relativamente à concessão de crédito nas operações que participou. Foram, ao todo, 14 das 180 referidas pela EY na auditoria a 16 anos de gestão do banco, diz Norberto Rosa.
Um mês mais tarde, em novembro, "fui convidado por Faria de Oliveira para ocupar o cargo de secretário-geral da APB". E "como o processo estava neste impasse resolvi aceitar o convite" e "informei o BCP". Norberto Rosa acabou por desistir de ocupar o cargo do BCP na ausência de uma decisão por parte do BCE, refere. "Não houve avaliação".