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Montepio-IPSS quer que Montepio-banco venda aos clientes mil milhões de produtos financeiros

O banco está a ser pressionado pela Mutualista, sua dona, para colocar nos clientes 970 milhões de euros em produtos de capitalização da IPSS. Sindicato preocupado, escreve o Público.

A Caixa Económica Montepio Geral passou a poder ter accionistas. Recebeu, em Junho, 250 milhões da mutualista para ter tempo para negociar a possibilidade. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fechou um memorando para investir em até 10% do capital. Falta cumprir.
Rui Peres Jorge rpjorge@negocios.pt 18 de Janeiro de 2018 às 09:02

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) tem como objectivo colocado pela Montepio Geral – Associação Mutualista captar 970 milhões de euros em produtos de capitalização, uma meta que é considerada "essencial para o sucesso do desempenho da actividade e para o crescimento do activo da MGAM", escreve o Público, citando o Programa de Acção e Orçamento para 2018 da Mutualista.

Os produtos de capitalização não são depósitos e a associação já os disponibiliza através do banco, escreve o diário que dá um exemplo: o Capital Certo. Nestes casos, o capital não é garantido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, mas sim pelos capitais da própria mutualista que, em 2015, eram negativos. O mesmo indicador não é conhecido para 2016 e 2017.

O objectivo de 970 milhões de euros é aliás composto por duas parcelas: 370 milhões captados há cinco anos que se espera que o banco consiga renovar, e outros 600 milhões de novo investimento, lê-se no mesmo documento, que explicita que o montante previsto "incorpora o pressuposto de reaplicação da quase totalidade dos 370 milhões de euros das séries Capital Certo que vão vencer durante o ano e a captação de cerca de 50 milhões de euros de novas poupanças por mês".

A ambição das metas está a preocupar o sindicato do sector pela pressão que possa vir a ser exercida sobre os funcionários: "o objectivo fixado não é impossível de atingir, mas é muito difícil (…)", diz ao Público Álvaro Ricardo, director do Sindicato dos Bancários do Norte, que se diz também preocupado com "a pressão que vai ser exercida sobre os funcionários para cumprir o objectivo fixado".

A venda de produtos financeiros dos accionistas dos bancos nos balcões das instituições financeiras é um dos grandes temas da crise bancária portuguesa, por ser uma prática comum que acabou por lesar muitos clientes que julgavam estar a fazer investimentos seguros. Quando as instituições caíram, muitos ficaram sem o dinheiro, e reclamam ter sido enganados.

Este tipo de prática gerou também conflitos entre reguladores: quem é o responsável pela supervisão da venda destes produtos aos balcões? O Banco de Portugal, que regula os bancos? A CMVM, que regula os mercados? Bom, neste caso, o produto em si não regulado nem por um, nem por outro, mas sim pelo próprio Ministério da Solidariedade e Segurança social, que é o regulador das mutualistas.

Vieira da Silva, citado pelo Eco, afirmou que os produtos da mutualista são analisados por técnicos da Segurança Social, e que têm respeitado a legalidade. "Não temos nenhuma informação de que haja incorrecção ou ilegitimidade nesses produtos", disse.

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