A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua acredita que a possibilidade de venda do Novo Banco a bancos espanhóis e a dispersão em bolsa de parte do capital pode expor a instituição a fundos especulativos.

"O mais provável é a maioria dos accionistas serem fundos abutres, estrangeiros, sobre os quais não temos nenhum poder", declarou a deputada aos jornalistas, esta terça-feira 8 de Março no Parlamento depois de o Bloco ter feito um requerimento a solicitar as audições do ministro Mário Centeno e do governador Carlos Costa devido às notícias saídas sobre o modelo de venda do banco.

Segundo a deputada do Bloco, as empresas com uma maior diversificação accionista (tal como aconteceu com os CTT) são "mais instáveis". Além disso, Mariana Mortágua lamenta que seja o ex-secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro que continue à frente do processo: "O salário no Banco de Portugal continua por justificar", refere.

 

"Esta privatização não trará nem assegurará o interesse público", declarou aos jornalistas a representante do Bloco de Esquerda, que defende, tal como o PCP, que a nacionalização é a melhor solução para a instituição financeira liderada por Eduardo Stock da Cunha.

 

A criação de um ‘side bank’, que fique com os activos não estratégicos, é contestada pelo BE. Mariana Mortágua considera que a criação de veículos que podem gerir activos, como ocorreu noutros casos (há a Oitante, do Banif, e as sociedades Par, do BPN), vai permitir também a venda a entidades de capital estrangeiro, que poderá ser feita a valores abaixo do preço de mercado.

Poderá haver a necessidade de injectar mais dinheiro? "Quase todos os processos acabaram por vir a consumir recursos públicos", afirmou a deputada.