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Lucro do Santander Portugal sobe 61,5% para 622 milhões de euros

A margem financeira ultrapassou a barreira dos mil milhões de euros. Depósitos caíram quase 10%, num movimento associado à amortização antecipada de empréstimos. Carteira de crédito à habitação contraiu 4%.

Pedro Catarino / Cofina Media
27 de Outubro de 2023 às 09:18
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O Santander Portugal registou um lucro de 621,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, numa melhoria de 61,5% face ao mesmo período de 2022, informou a instituição financeira em comunicado.

Impulsionada pela subida das taxas de juro, a margem financeira disparou 88,5% para 1.033 milhões de euros. Este indicador mede a diferença entre os juros cobrados nos créditos e os que são pagos nos depósitos.

Já as comissões renderam cerca de 346 milhões de euros, numa queda de 3,6% face a setembro de 2022.

O produto bancário cresceu quase 51%, atingindo 1,4 mil milhões de euros.

Amortizações impactam créditos e depósitos

A carteira de crédito aumentou 3,4% para 44,9 mil milhões de euros.

O volume de empréstimos para compra de habitação teve uma evolução negativa: desceu 4% para 22,1 mil milhões de euros.

"O contexto de taxas de juro mais elevadas está a contribuir para uma desalavancagem do balanço, com a amortização antecipada de créditos, em especial à habitação", explica o banco.

Os reembolsos antecipados também fica influenciaram a evolução do volume de depósitos, que sofreu uma queda de 9,7%, fixando-se em 35,5 mil milhões de euros.

Também o crédito ao consumo caiu 4%, fixando-se em 1,8 mil milhões de euros.

Em sentido contrário, o crédito a empresas subiu 13,9% para 20,7 mil milhões de euros.

Apesar da escalada das taxas de juro, o rácio de NPE (sigla inglesa para a expressão 
"Non Performing Exposure", que inclui crédito malparado) caiu 0,4 pontos percentuais para 1,6%. 

Ainda assim, o Totta seguiu "uma política conservadora de monitorização dos riscos de crédito" e constituiu uma almofada para fazer face a um eventual aumento do volume de empréstimos em dificuldades, "materializada no montante de 61,3 milhões de euros da imparidade líquida de ativos financeiros".

Até ao final de setembro, e apesar do contexto descrito, a qualidade da carteira de crédito permaneceu elevada, ainda sem impactos de relevo, tendo o rácio de NPE reduzido para 1,6% (um decréscimo de 0,4pp face ao período homólogo)


"Mantivemos uma trajetória de crescimento [...], com indicadores sólidos que nos têm permitido continuar a apoiar as famílias e as empresas", sublinha o CEO do Totta, citado no documento. "Tal apoio assume uma importância acrescida no atual contexto de subida de taxas de juro e de um elevado custo de vida", escreve Pedro Castro e Almeida.

O rácio CET 1 atingiu 16,3%, tendo caído um ponto percentual desde setembro de 2022. O Santander Totta explica a evolução com a retoma da distribuição de dividendos. Em maio, o banco aprovou a distribuição de 508 milhões de euros em dividendos relativos ao ano passado, em que obteve um lucro recorrente de 569 milhões de euros.

O Totta viu o indicador de rentabilidade para os acionistas disparar para 21,7%, quase duplicando os 11,1% verificados em setembro de 2022.

Inflação aumenta despesa

"Os custos operacionais, no montante de 387,4 milhões de euros, registaram um crescimento homólogo de 6,3%, muito refletindo o contexto de inflação elevada, pelo que o resultado de exploração ascendeu a 1.020 milhões de euros (+79,3% face ao mesmo período de 2022)", avança o Totta.

Entre setembro de 2022 e o mesmo mês deste ano, o Santander Portugal viu o quadro diminuir muito ligeiramente. O banco empregava, no final do mês passado, 4.662 funcionários, menos 12 pessoas do que um ano antes.

A rede também diminuiu, numa tendência que é generalizada a todo o setor: é composta por 332 balcões, valor que compara com 340 em setembro do ano passado.

Esta semana o grupo resultou um lucro de 8,1 mil milhões de euros, para os quais a operação portuguesa contribuiu com 604 milhões.
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