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Lucro da CGD sobe 74% para 641 milhões com vendas em Espanha e África do Sul

O banco liderado por Paulo Macedo aumentou 74% nos primeiros nove meses do ano, para 641 milhões de euros, com o banco público a beneficiar com os ganhos obtidos com a venda das unidades em Espanha e África do Sul.

David Cabral Santos/Cofina
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A Caixa Geral de Depósitos apresentou um lucro de 640,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um número que representa um aumento de 74% em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Entre janeiro e setembro de 2018, o banco liderado por Paulo Macedo registou lucros de 369 milhões de euros, animados pela redução de custos e apesar de uma descida da margem financeira. 

O forte aumento registado nos primeiros nove meses deste ano reflete sobretudo o ganho que o banco público obteve com as vendas das unidades em Espanha e África do Sul, refere o banco em comunicado à CMVM.

A CGD anunciou esta semana que concluiu a venda da Mercantile, a sua subsidiária na África do Sul, por 3,56 mil milhões de rands sul-africanos (cerca de 215 milhões de euros) ao Capitec Bank. A unidade em Espanha foi vendida ao Abanca por 364 milhões de euros, numa operação que já impactou as contas do segundo trimestre.

Reversão de imparidades anima lucros
A Caixa adianta que
foram contabilizadas, nas contas da actividade consolidada, imparidades para crédito, líquidas de recuperações, no valor de 4 milhões de euros. Já a "evolução das imparidades de outros ativos foi impactada pela reversão de 159 milhões de euros de imparidade associada à venda do Banco Caixa Geral (Espanha) e Mercantile (África do Sul) ajustando a valorização destes ativos resultante da provisão constituída em 2017 ao preço de venda alcançado no processo negocial", explica o banco.

Sem esta componente, o resultado corrente situa-se nos 481 milhões de euros, com uma subida de 30% face ao período homólogo.


Já sobre os resultados de filiais detidas para venda, estes ascenderam a 34,2 milhões de euros, "refletindo uma redução de 4,4 milhões de euros enquanto os resultados em empresas por equivalência patrimonial foram de 13,2 milhões de euros, revelando um decréscimo de 30,8 milhões de euros, impactados pela diminuição do contributo da área seguradora", explica a CGD no comunicado de resultados. 

A melhoria dos lucros aconteceu também apesar de uma descida da margem financeira estrita. Esta atingiu 851,5 milhões de euros, o que representa uma descida de 2,2% face ao ano anterior, "dada a conjuntura de taxas de juro e o seu impacto na carteira de crédito e de ativos financeiros", explica o banco no comunicado.

Quanto às comissões, houve um aumento de 1,4% na atividade doméstica e de 2% na atividade consolidada. "Apesar do crescimento, o volume global de comissões continua abaixo daquele que registávamos em 2015", explica o administrador José Brito. 


Sobre os custos de estrutura, estes recuaram 4% nos primeiros nove meses do ano. O banco adianta que estes "incluem na vertente de custos com pessoal um custo não recorrente que ascendeu a 38,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano (44,3 milhões de euros no período homólogo do ano anterior)", referindo ainda que "foram já contabilizados todos os custos regulatórios para o ano de 2019, independentemente da data da sua liquidação".


Crédito recua, depósitos crescem
Os depósitos aumentaram 1.867 milhões de euros (+3,0%) quando comparados com o mesmo período de 2018, evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal, explica a Caixa, adiantando também que a carteira de crédito a clientes totalizou 49.179 milhões de euros em termos líquidos, o que correspondeu a uma redução de 3,8%, face ao final de 2018.

"De referir que a nova produção registou uma forte progressão, mas que, contudo, não foi suficiente para contrariar a redução da carteira, fortemente influenciada pelas vendas de NPL e pela desalavancagem verificada em alguns segmentos de clientes, nomeadamente setor público", explica o banco liderado por Paulo Macedo.

As vendas de NPL permitiram reduzir o montante "em 2,7 mil milhões de euros (-40% face a setembro de 2018) onde, para além das vendas de carteiras realizadas no terceiro trimestre de 2019, se assistiu a uma evolução positiva nas componentes de curas e recuperações", acrescenta a CGD. O rácio de NPL atingiu os 6,6%. 

"Temos feito várias vendas de carteiras de crédito", disse Paulo Macedo durante a apresentação. "As primeiras, em 2017, foram de cerca de 800 milhões de euros. Depois, no ano passado, de 1,2 mil milhões de euros". A partir daqui o objetivo é reduzir cada vez mais o valor das vendas. E apostar mais nas reestruturações e curas, afirmou o CEO da CGD.

"Este ano, temos até agora 200 milhões em vendas" e "temos várias carteiras em preparação para vender até ao final do ano". Tudo para chegar ao objetivo de um rácio de NPL de 5% ,disse. As vendas vão ser feitas em Portugal mas também em Espanha, França e Luxemburgo, adiantou. "Não queremos que todo o esforço seja feito apenas na sede", rematou o gestor.


(Notícia atualizada às 20:45 com mais declarações de Paulo Macedo.)

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