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Londres pode perder 9.000 empregos na banca
Os números são avançados pela Reuters, que junta dados e intenções tornados públicos por bancos internacionais com operações em Londres: nove mil profissionais podem deixar a City, abrindo um "buraco" nos impostos arrecadados por Londres.
Há um novo balanço para o impacto no sector financeiro da saída do Reino Unido da União Europeia: nos próximos anos, com a possível inerente saída do mercado único no pós-Brexit, os bancos com actividade na City de Londres deverão deslocalizar 9.000 postos de trabalho.
Os números foram compilados pela Reuters, com base em declarações públicas das instituições envolvidas e em informações de fontes do sector. O número envolvido representa cerca de 2% do total de empregados do sector na capital britânica, mas poderá, segundo a agência, representar um rombo nas contas públicas de Londres, com menos profissionais do sector a pagarem impostos em solo britânico pelos seus rendimentos com a actividade financeira. O que significa que outros terão de pagar mais para compensar a queda de receitas.
A agência dá conta de conversações que já decorrem com as instituições comunitárias e da intenção manifestada por mais de uma dezena de grandes bancos de relocalizar actividade no outro lado do Canal da Mancha. Instituições como o Goldman Sachs – que na semana passada reconheceu que o Brexit poderá limitar o crescimento do centro financeiro londrino -, o UBS, o Standard Chartered, o JP Morgan ou o Citigroup já revelaram planos para o pós-Brexit.
Cidades como a alemã Frankfurt ou a irlandesa Dublin deverão vir a ser as maiores beneficiárias do movimento, com seis dos 13 bancos referidos pela Reuters a admitirem a opção pela cidade germânica que é também sede da autoridade financeira europeia, o Banco Central Europeu.
O Deutsche Bank será o que mais pessoas pode retirar da City – até 4.000 -, a que se juntariam cerca de um milhar do HSBC e "centenas" do JPMorgan. Estudos da Oliver Wyman e da Ernst & Young estimam que a perda de empregos possa oscilar entre os 4.000 e mais de 200.000, o que equivaleria a mais de 40% do total. O número total de postos de trabalho que poderão deixar Londres está ainda por determinar e dependerá do acordo que a União Europeia e o Reino Unido vierem a fechar num prazo de dois anos.
Uma fonte de um grande banco de investimento dá conta de que a estratégia para a relocalização de efectivos está em marcha: "Estamos em velocidade-cruzeiro no nosso plano de contingência. Não há tempo a perder," disse à Reuters, tanto mais que o Banco de Inglaterra deu até 14 de Julho aos bancos para comunicarem os seus planos de contingência.
"É uma consequência involuntária, mas quanto mais e mais preparação houver, mais provável é que os bancos levem os seus planos em frente," afirmou à Reuters um executivo não identificado de um grande banco britânico.