O espanhol Liberbank, que anunciou na terça-feira lucros de 104 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, num período em que contabilizou uma provisão de 2,7 milhões de euros devido ao resgate do BES. No total, o Liberbank perdeu 15 milhões de euros com a exposição ao Banco Espírito Santo (BES), que herdou da Caja Castilla-La Mancha, quando a adquiriu em 2009.

Segundo o diário espanhol El Confidencial, a Caja Castilla-La Mancha comprou 2,47% da Espírito Santo Financial Group (ESFG) numa das "estranhas operações" da época do presidente Juan Pedro Hernández Moltó.

A Caja Castilla-La Mancha foi a primeira entidade a ser intervencionada durante a crise, em 2009 e, posteriormente, foi adquirida ao Estado pela Cajastur, que herdou essa participação na ESFG. De seguida, a Cajastur avançou para a fusão com as cajas de Cantabria e Extremadura para formar o Liberbank.

De acordo com o El Confidencial, que cita fontes próximas do processo, essa participação foi adquirida por 15 milhões de euros pela Caja Castilla-La Mancha. "Por prudência", escreve o espanhol, a entidade presidida por Manuel Menéndez começou a constituir provisões para essa participação logo no ano seguinte, 2010, continuando a fazê-lo nos exercícios posteriores.   

Contudo, em 2012 essa participação de 2,47% foi reduzida a 0,93%, já que o Liberbank não participou no aumento de capital realizado pela Espírito Santo Financial Group.

Ontem, foi conhecida a perda do segundo maior accionista do BES com o resgate do banco: 708 milhões de euros foi quanto perdeu o Crédit Agricole com a sua participação de 14,6% no banco português.

O banco francês viu, desta forma, os seus lucros caírem em 98% para 17 milhões de euros, quando no período homólogo tinha registado um resultado líquido de 696 milhões de euros. 

Esta segunda-feira, o Espírito Santo Financial Group ESFG entrou oficialmente em falência, uma decisão anunciada pela ISDA, associação multinacional que declara perante o mercado se uma empresa - ou nação, como no caso da Argentina - entrou em incumprimento.

A ESFG pediu no dia 24 de Julho às autoridades do Luxemburgo - onde está sedeada - para passar para o estatuto de entidade com gestão controlada ("gestion contrôlée").

A decisão prendeu-se com o facto de a "empresa ter concluído que é incapaz de cumprir as suas obrigações" para com os seus credores.

No dia 29 de Julho, chegou a resposta da justiça luxemburguesa, que deu luz verde para a ESFG passar para gestão controlada, o que abriu às portas à sua reestruturação, de forma a possibilitar a venda de activos para pagar aos credores.

Além da ESFG, o tribunal também aceitou a entrada em gestão controlada de outras três empresas do Grupo Espírito Santo: a Espírito Santo Internacional, a Rioforte e a Esfil - Espírito Santo Financière, totalmente detida pela Espírito Santo Financial Group.