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Injecção de 607 milhões de euros a caminho da Fidelidade

A seguradora vai realizar uma operação que vai permitir um reforço de capital de 150 milhões de euros mas a entrada em dinheiro será de valor superior. A Caixa não deverá acompanhar a injecção. O supervisor acompanha.

Bruno Simão
04 de Agosto de 2015 às 22:16
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Há 607 milhões de euros que podem estar a caminho da Fidelidade. A operação, que irá permitir reforçar o seu capital, visa preparar a companhia controlada pelos chineses da Fosun para o novo regime europeu de solvência das empresas seguradoras. E não só. 

 

"O aumento destina-se a fortalecer a companhia na preparação para o Solvência II e do processo de ‘rating’ iniciado (tendo em vista sermos mais activos nos mercados internacionais), dando-lhe condições para continuar a crescer e acomodar o investimento estratégico realizado na Luz Saúde (activo que em Solvência II consome muitos capitais)", respondeu fonte oficial da seguradora ao Negócios.

 

A primeira fase da operação

 

A operação, que será decidida na assembleia-geral de 3 de Setembro conforme publicado no comunicado no site da empresa, prevê uma injecção de 607 milhões. Contudo, apenas 150 milhões serão utilizados para o reforço de capital da empresa dirigida por Magalhães Correia (na foto).

 

Segundo o documento, a operação será feita em duas partes. A primeira é um aumento de capital de 26 milhões de euros, mas que permitirá uma injecção de 108 milhões. Aqui, tudo passa pela incorporação, por parte da Fidelidade, de outras sociedades existentes desde que a seguradora pertencia à Caixa Geral (por exemplo, a Multicare). Nesta etapa, o banco estatal vai participar na operação, tendo em conta os 15% da Fidelidade e os 20% nas restantes sociedades.

 

"Como estas sociedades são geridas em conjunto com a Fidelidade para maximizar as sinergias operacionais e custos, entendeu-se  que deveriam ficar sob o domínio directo da Fidelidade, simplificando a governação e garantindo total alinhamento, sobretudo numa área estratégica para o grupo, como é a área da saúde", justifica fonte oficial da seguradora.

 

A segunda fase

 

A segunda fase da operação será concretizada através de novas entradas em dinheiro, na ordem dos 123 milhões de euros para reforço de capital, que totalizará uma injecção de 500 milhões (a diferença passa pelo valor nominal de cada acção subscrita e o prémio de emissão, o chamado ágio - este prémio não é contabilizado enquanto capital). 

 

Nesta parte, a operação está reservada aos accionistas: Fosun, com 85%, e Caixa Geral de Depósitos, com 15%. A subscrição não é obrigatória, pelo que se algum accionista quiser investir menos do que o capital proporcional, poderá fazê-lo.

 

O banco público não faz comentários mas é provável que não venha a participar nesta segunda etapa do aumento de capital. De qualquer modo, ainda não haverá uma decisão definitiva.

 

Por que motivo é feita a operação

 

Um dos pontos que leva a seguradora a fazer o reforço de capital está directamente relacionado com o banco público. "A exposição que Fidelidade tinha à CGD no final de 2013, em depósitos e outras aplicações, representou para a Fidelidade um refúgio, como aliás para o comum dos portugueses", diz fonte oficial da seguradora nas mãos da Fosun, grupo chinês que é um dos três finalistas na corrida pelo Novo Banco.

 

Contudo, no próximo ano, entra em vigor um novo regime para as seguradoras, o Solvência II, que obriga a uma maior diversificação dos activos – e a exposição à CGD era grande.

 

Além disso, o investimento na Luz Saúde, comprada pela Fosun através da Fidelidade, também pesa no capital e a operação vai "acomodar o investimento estratégico realizada na Luz Saúde".

O reforço do capital também dá "condições para continuar a crescer". A seguradora portuguesa tem sido usada para várias aquisições feitas pelo accionista chinês. A companhia agrícola alemã KTG Agrar é um exemplo; o Palácio Broggi, em Milão, outro.

Supervisor acompanha

 

Caso a operação seja totalmente subscrita, com este reforço de 150 milhões, o capital social da empresa passará de 381 para 531 milhões de euros.

 

A operação tem sido acompanhada pelo regulador liderado por José Almaça. "A decisão foi tomada pelos seus accionistas no início do corrente ano e o processo da sua concretização tem vindo a ser acompanhado pela ASF", disse ao Negócios fonte da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões na passada segunda-feira.

 

"A intenção de a Fidelidade efectuar um aumento de capital enquadra-se no necessário reforço dos seus fundos próprios face às exigências do novo regime de solvência do sector segurador (Solvência II)", adianta a mesma fonte, acrescentando que, "no âmbito do processo de transição do sector segurador para o solvência II, a ASF tem vindo a monitorizar os desenvolvimentos de todas as empresas de seguros que supervisiona".

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