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“Há mais na Caixa do que você imagina.” E a direita e a esquerda vêem coisas diferentes

Só após insistências é que o Parlamento falou de CGD. E, depois, todos os partidos quiseram falar. A privatização foi um dos temas mas os partidos de direita e esquerda têm ideias diferentes sobre o que aconteceu no inquérito.

Bruno Simão
03 de Outubro de 2017 às 18:16
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Uma das publicidades mais conhecidas da Caixa Geral de Depósitos tinha como "slogan" a frase "Há mais na Caixa do que você imagina". Uma expressão que se adequa à discussão do relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao banco público, que teve lugar esta terça-feira, 3 de Outubro: há, pelo menos, duas realidades distintas sobre o processo, consoante o ângulo de visualização.

 

Em resumo: a direita acusou a esquerda de impedir a descoberta da verdade sobre o que se passou na Caixa; a esquerda atacou a direita por ter utilizado a iniciativa parlamentar para descredibilizar a instituição financeira com o fim de privatizá-la.

 

Primeiro, nenhum partido quis falar sobre a Caixa Geral de Depósitos, ao ponto de José Manuel Pureza, que presidia ao Plenário, ter dito que não iria forçar qualquer intervenção. Mas mal se pronunciou o primeiro partido, logo todos os outros também mostraram disponibilidade para comentar o relatório, documento cujas conclusões foram rejeitadas devido à ausência de dois deputados do PS no momento da votação. Apenas cinco das sete recomendações foram aprovadas.

 

À esquerda, o comunista Miguel Tiago acusou o PSD e o CDS de "amesquinharem a figura parlamentar da comissão de inquérito e a própria Assembleia da República", acrescentando que, durante a iniciativa, tentaram sempre atacar a Caixa - e que as suas diligências visavam sempre um ataque. Além disso, lembrou que o PSD votou contra a recomendação que visava obrigar a CGD a manter-se sempre na esfera pública.

 

O socialista João Paulo Correia também alinhou nessa perspectiva, referindo que "o anterior Governo PSD e CDS tudo fez para fragilizar a Caixa e abrir a Caixa a privados".

 

Por sua vez, o bloquista Moisés Ferreira enumerou inúmeros aspectos que deveriam constar do relatório final e atacou a direita: "PSD e CDS não queriam concluir nada disto e chumbaram estas conclusões". "Podem ter tentado impedir que a comissão de inquérito concluísse o que quer que fosse, mas os factos são estes".

 

À direita, uma realidade diferente: logo pela voz de João Almeida, veio a garantia de que o CDS nunca foi a favor da privatização da CGD. O deputado centrista disse ainda que a comissão de inquérito foi uma "farsa" pela mão da esquerda, nomeadamente por ter pedido documentação confidencial sobre o banco público, que mostraria a "vergonha da gestão", mas de não ter esperado pela mesma para concluir os seus trabalhos.

 

Também o social-democrata Carlos Costa Neves defendeu que a Assembleia da República foi "impedida" de "exercer o direito de fiscalização das decisões do Governo e as sucessivas administrações do banco público". 

 

Antes do espaço dado aos partidos para se pronunciarem, o debate tinha tido duas intervenções, obrigatórias nestes debates sobre os relatórios de comissões de inquérito. A discussão começou com as palavras do deputado social-democrata Emídio Guerreiro, que presidiu à comissão de inquérito (depois de Matos Correia ter abandonado o cargo), e que defendeu que é necessário rever o regime jurídico das comissões de inquérito. Além disso, frisou que todo o trabalho, que se estendeu por um ano, "não foi fácil".

 

Essa ideia da dificuldade da comissão de inquérito foi repetida pelo deputado socialista Carlos Pereira, que assegurou que o seu relatório "não produz nenhuma tentativa de justificar qualquer tese de índole partidária".

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