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Governo conta com dividendos da CGD mas ainda faltam discussões com BCE

A CGD ainda vai ter de discutir com o BCE o eventual pagamento de dividendos ao Estado. Ao Eco, o Ministério das Finanças confirma que também a Comissão Europeia terá de validar.

O banco ainda não tem ideia definida de qual a dimensão dos dividendos que pode pagar. E ainda carece de autorização externa. António Cotrim/Lusa
17 de Outubro de 2018 às 08:47
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O Governo está a contar receber dividendos da Caixa Geral de Depósitos no próximo ano, mas a verdade é que não há certezas de que esse dinheiro venha a chegar ao Estado. A gestão de Paulo Macedo quer proceder à remuneração accionista, mas ainda há discussões a ter junto de autoridades externas, como o Banco Central Europeu.

 

Só que ainda não há certezas. O Ministério das Finanças, através de fonte oficial, indicou ao jornal Eco que a "a entrega de dividendos pelo banco público está, no entanto, condicionada à verificação de vários requisitos, entre os quais a validação dos auditores, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE)".

 

Ainda tem de haver discussões com estas entidades, sobretudo o BCE, o supervisor do maior banco do sistema nacional, porque a distribuição de resultados obriga à existência de uma situação líquida confortável. E a Comissão Europeia tem de validar para ter a garantia de que o plano estratégico (ou de reestruturação), negociado com o Estado português, e que se estende até 2020, não fica em causa com este pagamento. 

Além disso, o banco também tem de perceber como vai acabar o exercício (o terceiro trimestre terminou há 15 dias e nos primeiros seis meses do ano a Caixa obteve lucros de 194 milhões de euros). E, depois disso, qual a margem para esse pagamento.

Documento é cauteloso, mas Centeno insiste

Não há um valor exacto definido na proposta de Orçamento do Estado para 2019, mas há uma indicação de que a CGD vai dar o seu contributo. Só que o próprio Executivo é cauteloso quando, naquele documento, refere os dividendos a pagar pelo banco público: fala-se na "perspectiva de dividendos por parte da Caixa Geral de Depósitos".

 

A expectativa da equipa liderada por Paulo Macedo é a de que possa haver o pagamento de dividendos. O próprio já o assumiu, que queria fazê-lo, até para começar a compensar a capitalização de 4,9 mil milhões de euros recebida nos últimos anos, em que 3,9 mil milhões dos quais vieram directamente de recursos estatais.  

"O que esse accionista espera é que a CGD remunere o capital que lá colocou, porque esse capital é de todos os portugueses". Mário centeno, 16 de Outubro

 

 

Na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento, que teve lugar dia 16 de Outubro, o ministro Mário Centeno lembrou quais os motivos pelos quais o banco público deve remunerar o accionista Estado: "O que esse accionista espera é que a CGD remunere o capital que lá colocou, porque esse capital é de todos os portugueses". Aliás, essa foi uma das justificações para que o banco público avançasse para a revogação do acordo de empresa que o une aos trabalhadores – ter condições para vir a remunerar o capital e não apenas o trabalho. 

 

A última vez que a instituição de capitais exclusivamente públicos pagou dividendos era liderada por Fernando Faria de Oliveira: foi em 2010 e desembolsou 170 milhões de euros, depois de o Governo de então, liderado por José Sócrates, ter rejeitado a proposta do banco de utilização de reservas para chegar ao compromisso de pagamento de 250 milhões. 

 

Não havendo dividendos da CGD, há sempre a remuneração a pagar pelo Banco de Portugal para compensar o Estado no próximo ano, já que os dois estão juntos na rubrica de dividendos, não havendo discriminação.

Ao todo, um dos anexos da proposta de Orçamento do Estado, onde o ano passado se referia os 500 milhões de euros esperados em sociedades financeiras (do Banco de Portugal, que depois veio a pagar 525 milhões), há agora a anotação de que são esperados 628 milhões de euros nesta rubrica. Isto em termos brutos. Em termos líquidos, há um aumento nos dividendos a receber de 326 milhões face ao ano anterior – mas aqui pode haver ainda os contributos de outras instituições, não discriminados.

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