Ricardo Salgado assegurou aos deputados que nunca teve como objectivo adquirir empresas do grupo de Pedro Queiroz Pereira, entre as quais a Portucel.

O antigo banqueiro relatou que Queiroz Pereira começou a temer que o "Grupo Espírito Santo estava interessado em comprar a Portucel e o grupo Soporcel". "Queria confirmar-lhes que é totalmente falso".

Na audição do inquérito ao BES e GES, Ricardo Salgado afirmou que se tentou encontrar comprador para as acções da Sodim, sociedade do grupo que reunia acções de membros da família Queiroz Pereira.

Salgado lembrou que a parceria entre o GES e a família Queiroz Pereira remonta a 1937 e que só se envolveu na compra de posições da Sodim quando a irmã de Pedro, Margarida, apareceu "desesperada" junto do BES porque não se conseguia entender com o irmão e queria vender essa participação. O mesmo aconteceu posteriormente com a irmã Maude.

Assim, a família Espírito Santo passou a detentora de acções da Sodim, onde estava integrado o hotel Ritz, por exemplo. Foi assim reforçando a sua posição. Pedro Queiroz Pereira "interpretou como um ataque". Daí que tenha entregue documentos ao Banco de Portugal que Salgado disse desconhecer o teor.

"Julgo que acabou por criar um problema ao GES apresentando o dossiê", defendeu. 

Queiroz Pereira, que tinha posição na ES Control (que controlava todas as acções da família através da ES International) terá entregue um dossiê sobre dúvidas na avaliação de activos da ESI.

O Banco de Portugal defende que já havia detectados problemas na ESI antes da entrega de documentos do empresário que detém a Portucel.