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FMI: 25% dos bancos nos países ricos são doentes crónicos

A banca está de novo a passar mal, em parte devido às taxas de juro nulas fixadas pelos bancos centrais. Mas um quarto do sector não recuperaria apenas com mais crescimento e juros positivos. E o problema é especialmente grave na Zona Euro, onde é preciso consolidar o sector. Seguradoras também estão frágeis. Os alertas são do FMI.

Bloomberg
05 de Outubro de 2016 às 13:45
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Um quarto da actividade bancária no mundo desenvolvido não recuperaria margens de rentabilidade capazes de garantir a sua viabilidade a prazo em caso de mera melhoria da conjuntura económica global que conduzisse a uma subida das taxas de juro.

Neste universo significativo da banca, que representa cerca de 11,7 biliões de dólares de activos (10,4 biliões de euros) e se concentra nos países da Zona Euro, a doença é mais estrutural – a quebra das margens de lucro não pode ser apenas explicada pelos juros nulos ou mesmo negativos fixados pelos bancos centrais para tentar animar a actividade económica, nem por exigências regulatórias, que obrigaram os bancos a fazerem maiores reservas de capital. Nestes 25%, é preciso fazer "reformas profundas", uma gestão orientada para o controlo de riscos sistémicos e, nalguns casos, "a solução será a saída de bancos frágeis e o redimensionamento de sistemas bancários". 


Os alertas e as recomendações são do Fundo Monetário Internacional (FMI) e constam do Relatório que avalia a Estabilidade Financeira ("Global Financial Stability Report") divulgado nesta quarta-feira, 5 de Outubro. 

"Os bancos precisam de se adaptar a esta nova era de baixo crescimento e baixas taxas de juros", até porque uma recuperação cíclica não resolverá o problema da baixa lucratividade: "mais de 25% dos bancos nas economias avançadas continuariam em situação frágil e enfrentariam sérios desafios estruturais".

 

O relatório fecha o foco, em particular, sobre a Zona Euro, onde o FMI diz serem necessárias "medidas urgentes e amplas", desde logo para reduzir o volume de crédito malparado.

"Reformas que acelerem a recuperação de activos e facilitem os processos de insolvência trariam enormes benefícios. Para o conjunto da área do euro, o impacto líquido de capital da venda da carteira de empréstimos improdutivos seria a transformação de uma perda de cerca de 80 mil milhões de euros num ganho de cerca de 60 mil milhões", calcula a instituição sedeada em Washington.

Aumentar a eficiência operacional através da racionalização da rede de agências, juntamente com melhorias na composição e no custo de financiamento, produziria melhorias nas despesas globais dos bancos da ordem de cerca de 40 mil milhões.

 

Outro sector em risco é o segurador. "Um período prolongado de baixas taxas de juros ameaça a solvência de muitas companhias de seguros de vida e fundos de pensão", agravando problemas que decorrem do envelhecimento da população e do retorno reduzido sobre os activos.  "O crescimento persistentemente baixo e as baixas taxas de juros geram desafios significativos para as instituições de investimento e poupança de longo prazo. Os reguladores e supervisores devem agir sem demora para preservar a solidez dos balanços desse segmento, inclusive através da identificação de riscos de insolvência e défices de financiamento a médio prazo", recomenda o FMI.

Juros baixos – até quando?

Embora o FMI afirme que uma política monetária acomodatícia continue a ser necessária para apoiar a recuperação, avisa que alguns instrumentos, como as taxas de juros negativas, "estão a chegar ao limite da sua eficácia", numa altura em que bancos e outras instituições financeiras se ressentem cada vez mais dos seus efeitos colaterais.

Neste quadro, é hora dos governos agirem. "Urge implementar políticas orçamentais e reformas estruturais que estimulem a confiança e elevem o crescimento mundial, bem como aplicar políticas macroprudenciais que reforcem os alicerces do sistema financeiro global".

Esta combinação de políticas "poderia ajudar a evitar um processo de estagnação financeira e económica" que poderá provocar uma perda do produto mundial de cerca de 3% até 2021, calcula o FMI.

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