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Sábios alemães advertem: BCE pode estar a gerar nova crise no euro
As baixas taxas de juro e as compras massivas de títulos de dívida criaram um ambiente que "encobre" a necessidade de reformas e de disciplina orçamental. Os governos relaxaram ambas, o que ameaça a estabilidade financeira.
As medidas extraordinárias adoptadas pelo Banco Central Europeu (BCE) ajudaram à recuperação da actividade económica na Zona Euro, mas não criaram uma dinâmica sustentável. Pelo contrário: as baixas taxas de juro e as compras massivas de títulos de dívida criaram um ambiente que mascara a necessidade de os governos prosseguirem com políticas de reforma do funcionamento da economia e de redução do endividamento público, o que aumenta o risco de novas crises de financiamento na Zona Euro.
A advertência foi nesta quarta-feira, 2 de Novembro, lançada pelo grupo de conselheiros independentes que assessora o governo alemão.
Para tentar inverter este cenário, recomendam ao BCE que reduza o montante de compra de títulos e ponha termo ao programa mais cedo do que o previsto.
Essa recomendação choca de frente com o que Mario Draghi anunciou ainda no mês passado. "O BCE mantém a intenção de levar a cabo compras de activos até ao final de 2017 e depois disso, se for necessário, até que o Conselho de Governadores verifique um ajustamento do ritmo de inflação", indicou Draghi, ao participar na assembleia anual do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O BCE tem em vigor até Março de 2017 um programa de compra de dívida pública e privada no valor de 80 mil milhões de euros mensais, e mantém a sua principal taxa de juro fixada em 0%, um mínimo histórico.