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ERC abre processo a notícia da TVI sobre o Banif
Depois de receber três participações sobre as notícias da TVI, a entidade que regula a comunicação social optou por abrir um processo. Depois de indicar que o banco se preparava para fechar, as acções do Banif afundaram e houve uma saída relevante de depósitos.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) recebeu "três participações" relativas a uma notícia da TVI sobre o banco Banif e abriu um processo sobre o assunto, disse hoje fonte oficial à Lusa.
Questionada pela agência noticiosa, a mesma fonte da ERC disse que "recebeu, até ao momento, três participações relativas à transmissão de uma notícia sobre banco Banif nos serviços de programas TVI e TVI24".
Nesse sentido, a entidade presidida por Carlos Magno "já procedeu à abertura do processo correspondente, encontrando-se em curso as habituais diligências levadas a cabo pelos serviços" do regulador, concluiu.
Na noite de domingo de 13 de Dezembro, a TVI divulgou em rodapé uma notícia relativa ao Banif em que avançava a possibilidade do banco encerrar. Entre outros, era indicado que o Banif se preparava para fechar, que seria integrado na Caixa Geral de Depósitos e que haveria perdas para depositantes com mais de 100 mil euros – algumas das questões viriam a revelar-se verdadeiras, como a intenção do Governo de António Costa de colocar o Banif na esfera da CGD, o que foi proibido pela Comissão Europeia; mas os depositantes ficaram a salvo da intervenção, tal como o banco não fechou portas - passou para o Santander Totta.
Depois de divulgada a notícia, no dia seguinte, uma segunda-feira, as acções do Banif perderam mais de 40% e a estação de Queluz divulgou um dia depois na sua página de Internet um esclarecimento a lamentar que a notícia "não tenha sido totalmente precisa e esclarecedora", podendo "ter induzido conclusões erradas e precipitadas sobre os destinos daquela instituição financeira". A TVI pediu desculpas a espectadores, accionistas e trabalhadores do banco.
O Banif ameaçou judicialmente a estação de televisão, num processo a que se juntaram sindicatos e trabalhadores. Neste momento, contudo, o Banif é uma entidade esvaziada de activos e passivos, já que a actividade bancária foi passada para o Santander Totta e os negócios de outras áreas, como o imobiliário, ficaram na esfera do Fundo de Resolução, tudo no âmbito da medida de resolução que envolveu no imediato 2.255 milhões de euros públicos.
A notícia da TVI também tem sido tema de debate político, com vários partidos políticos, nomeadamente o CDS, a querer saber de onde surgiu a "fuga de informação" que pode ter causado perdas para o Banif – o Governo nega a existência de qualquer fuga porque a notícia, defende, estava errada.
Na semana seguinte aos referidos rodapés, o Banif perdeu perto de mil milhões de euros em depósitos, o que o deixou numa situação de liquidez difícil. Algo que terá precipitado a necessidade de uma intervenção.