Notícia
Depósitos dos portugueses recuam pela primeira vez em três anos
Depois de vários meses a fixarem recordes, os depósitos bancários dos portugueses baixaram em Março. A culpa é dos produtos de poupança do Estado.
Os depósitos dos portugueses nos bancos do país registaram em Março a primeira queda anual desde 2014, o que de acordo com o Banco de Portugal "reflecte a preferência das famílias por aplicações alternativas para a poupança, nomeadamente, instrumentos de dívida pública".
O volume de depósitos, que tem vindo a reforçar recordes nos últimos meses, desceu em Março para 138,8 mil milhões de euros, de acordo com a informação divulgada esta terça-feira, 9 de Maio, pelo Banco de Portugal. Em Fevereiro a taxa de crescimento anual tinha sido de 0,1% e em Janeiro de 0,9%, o que já representava taxas de crescimento bem inferiores ao verificado no ano passado.
Com as taxas de juro dos depósitos cada vez mais baixas e próximas de zero, as famílias portuguesas têm vindo cada vez mais a optar por aplicar as poupanças em títulos de dívida emitidos pelo Estado.
Desde Outubro de 2013, altura em que foram lançados os Certificados do Tesouro Poupança Mais, o Tesouro captou mais de 17.000 milhões de euros junto das famílias, que já detêm cerca de 12% da dívida directa do Estado.
Esta mudança de depósitos para produtos do Estado terá continuado em Abril, já que no início do mês passado o Estado fechou uma emissão de mil milhões em OTRV. O valor captado nas quatro emissões deste novo instrumento, a par dos montantes aplicados em certificados de poupança, levou a que a proporção de dívida do Estado nas mãos das famílias passasse de cerca de 5,5% para quase 12% desde Outubro de 2013, altura em que foram lançados os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM).
O Banco de Portugal, na nota publicada esta terça-feira, 9 de Maio, nota que nos depósitos a menos de dois anos, que representam mais de 75% do total de depósitos de particulares, a taxa de variação anual é de 10,2%.
Crédito continua a baixar
No que diz respeito ao crédito concedido, o Banco de Portugal refere que os empréstimos concedidos pelos bancos a sociedades não financeiras e a particulares continuaram a apresentar taxas de variação anual negativas, embora menos intensas.
Em Março de 2017 os empréstimos a empresas caíram 2,3% e aos particulares baixaram 2,7%, quando em Fevereiro tinham descido 2,6% e 2,8%, respectivamente.