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Como a morte de Liliane Bettencourt está a agitar as acções da L’Oréal
A especulação sobre o futuro accionista da L’Oréal, na sequência da morte da herdeira Liliane Bettencourt, está a conduzir à subida em bolsa da empresa francesa. Nestlé e Sanofi também podem agitar-se.
Uma valorização de quase 7%. O maior avanço em sete anos. Foi assim que a L’Oréal abriu a negociação esta sexta-feira, 22 de Setembro, puxando por Paris num dia de receios na Europa. A evolução da empresa francesa deve-se, segundo os analistas, às consequências da morte da mulher mais rica do mundo e herdeira da empresa de cosméticos, Liliane Bettencourt.
"A morte de Liliane Bettencourt pode transformar a L’Oréal e a Nestlé". O título é do Financial Times e explica o motivo para as movimentações das acções da empresa. Na Bolsa de Paris, os títulos da empresa francesa ganham 4,08% para 183,80 euros, estando em cotações que não eram alcançadas desde Junho.
Começando: A família Bettencourt Meyers, de que a mulher mais rica do mundo era a principal face, detém 33,1% da companhia de cosméticos. O segundo maior accionista é a Nestlé, com uma participação de 23,1%. E já se sabia que a morte da herdeira, aos 94 anos, poderia desencadear mudanças accionistas embora, no período de seis meses após o falecimento, o grupo suíço não possa comprar mais acções da L’Oréal, havendo igualmente um limite para a expansão da posição da família.
Os analistas, cujas opiniões foram compiladas pela Bloomberg, acreditam que pode haver movimentações accionistas para breve. Uma das possibilidades é, passando o período de seis meses, a família recomprar a posição de cerca de 23% que está nas mãos da Nestlé.
Para isso, como indica a Natixis, os franceses podem vender a sua participação de 9% na Sanofi, avaliada pelo mercado em torno de 11 mil milhões, para se financiarem – a Sanofi ganha 1% para 84,71 euros em Paris. O valor de mercado da posição da Nestlé é de cerca de 24 mil milhões de euros aos preços de mercado de quinta-feira. Ao todo, a capitalização bolsista da L’Oreal é, esta sexta-feira, de 103 mil milhões.
Contudo, até aqui, as relações accionistas entre as duas empresas mantinham-se estáveis, e a maior parte dos analistas acredita que, no curto prazo, não haverá mudanças. Aliás, até pela leitura feita no comunicado da filha de Liliane, Françoise Bettencourt Meyers, citado pelo FT: "Neste momento doloroso para nós, gostava de reiterar, em nome da nossa família, o nosso compromisso e lealdade para com a L’Oreal e renovar a minha confiança no seu presidente, Jean-Paul Agon e nas suas equipas em todo o mundo".
Ainda assim, e, embora menos provável, o JPMorgan não descarta a hipótese de a Nestlé querer também lançar uma oferta pública de aquisição sobre a empresa. A empresa helvética ganha 1,12% para 81,60 francos suíços.
Certo é que todos os analistas admitem os cenários de mudanças futuras em torno da L’Oréal.