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CGD: Ex-vice-presidente garante que não negociou créditos com Berardo
Maldonado Gonelha, que tinha o pelouro das grandes empresas na administração liderada por Carlos Santos Ferreira, diz que "nunca" contactou qualquer administrador ou acionista do BCP.
"Não, nenhuma delas." Foi esta a resposta do ex-administrador do banco estatal quando questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua se iniciou ou negociou diretamente algumas das operações de crédito ligadas a Berardo, nomeadamente a Metalgest e Fundação Berardo, ou à Investifino, de Manuel Fino.
Cabral dos Santos, ex-diretor da CGD, explicou na sua audição que encontrou no arquivo da CGD uma carta, com data de 10 de novembro de 2006, da Fundação Berardo, assinada por Berardo e dirigida a Carlos Santos Ferreira, então presidente do banco estatal. O assunto desta carta era "concessão de linha de crédito" e nesta estavam detalhadas as condições para um crédito de 350 milhões de euros para a compra de ações do BCP e para refinanciar dívida do banco.
"Esta carta foi despachada para mim por Maldonado Gonelha", o administrador do pelouro, disse Cabral dos Santos, notando que houve depois a indicação para estudar a operação e para a direção geral de empresas estabelecer o contacto com o cliente. "A Direção Grandes de Empresas [DGE] não defendeu as propostas, apresentou a consulta feita à Caixa e foi apresentado também o parecer da DGE", acrescentou.
Questionado se defendeu estas propostas, Maldonado Gonelha diz que "não defendi nem me opus. Procurei que o conselho alargado de crédito chegasse a uma decisão consensual, e foi isso que aconteceu, sem qualquer oposição dos membros do conselho e aprovação dos membros do conselho de administração presentes, incluindo eu".
O ex-vice-presidente da CGD foi um dos inquiridos que respondeu por escrito à comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco estatal. Também estava previsto que Almerindo Marques, o ex-administrador da CGD que enviou uma carta a Vítor Constâncio a alertar para a política de crédito da Caixa, respondesse por escrito. Porém, conforme explica fonte parlamentar, os grupos parlamentares acabaram por não enviar questões. Ficam ainda a faltar os esclarecimentos do ex-primeiro-ministro José Sócrates.