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CGD deve comprar o Novo Banco? “Porque não?”, diz António Saraiva
O presidente da Cruz Vermelha e ex-líder da CIP defende que a Caixa Geral de Depósitos seja mais próxima das empresas. António Saraiva diz que a compra do Novo Banco pela instituição do Estado poderia ser positiva.
"Porque não?". É desta forma que o antigo presidente da CIP e atual líder da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), comenta um cenário de compra do Novo Banco pela Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Em entrevista ao Negócios e Antena 1, António Saraiva sublinha, no entanto, que o fator mais importante não é "a compra deste ou daquele banco", mas antes o comportamento do banco público. "O desaparecido BES estava junto das empresas, das pequenas e médias empresas. Esse papel não foi tomado na mesma medida, com as mesmas condições e as empresas deixaram de ter aí um companheiro diário", lamenta o antigo "patrão dos patrões".
"São as regras, mais do que a dimensão, que deveriam ser alteradas", realça, argumentando que "a Caixa Geral de Depósitos, porque é um banco público, deveria ter substituído o BES nessa aproximação - com regras, não cegamente. A Caixa tem e pratica as mesmas regras" que a banca privada, que na sua opinião "não tem dado a melhor ajuda às empresas". "A banca diz sempre que apoia bons projetos, só que o critério de avaliação dos projetos é da própria banca. [Por exemplo] se um projeto é bom, mas está no setor da construção, considerado de risco, não há disponibilidade", explica.
O Novo Banco deverá, em 2025, avançar para uma dispersão em bolsa ou uma venda direta – neste último cenário, BCP e Santander têm sido os nomes mais apontados e António Saraiva não tem dúvidas: "Gostaria que o Novo Banco se mantivesse em mãos ou em capital português" diz, admitindo no entanto que "hoje é difícil saber quem é o detentor ou quais são os acionistas dos bancos ditos portugueses. Há capital estrangeiro na banca portuguesa. Se as decisões são tomadas por um "board" que tem um peso estrangeiro, o facto do banco aparentemente ser português não quer dizer que as decisões beneficiem as empresas portuguesas".