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Centeno responde a Marcelo: "O supervisor não toma decisões pelos bancos"

O Presidente da República disse esperar que tanto bancos como o supervisor financeiro estejam "acordados" para o problema do crédito à habitação. O governador do Banco de Portugal concorda que os bancos "têm de fazer o seu papel".

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"O supervisor não toma decisões pelos bancos". É assim que o governador do Banco de Portugal responde ao Presidente da República sobre a pressão dos encargos do crédito da casa sobre as famílias. Ainda assim, Mário Centeno adverte que as instituições financeiras têm de fazer "o seu papel".

Marcelo Rebelo de Sousa disse na terça-feira que está "esperançado" de que a banca esteja "acordada" para o problema dos créditos à habitação e "o Banco de Portugal também", considerando que nesta matéria cabe ao Governo atuar "numa escala mais pequena".

Questionado na conferência de imprensa de apresentação do relatório do conselho de administração de 2022 sobre o assunto, Mário Centeno colocou o ónus na preparação do país para lidar com o agravamento das taxas de juro de referência e no mercado.

"Estamos em boas condições para enfrentar os desafios que temos em mãos", afirmou o governador, sublinhando que a pergunta que se coloca é se estávamos preparados para enfrentar uma situação como esta. "Todo o nosso futuro vai ser definido pela resposta que damos a esta pergunta. A resposta que temos dado é que como país nunca estivemos tão bem preparados como estamos hoje", referiu.

Mário Centeno lembrou que empresas e famílias reduziram a exposição financeira nos últimos anos e que, com o mais recente agravamento na prestação da casa, estão a reagir com prudência. Nos primeiros três meses do ano as amortizações antecipadas do crédito à habitação atingiram os 2,6 mil milhões de euros, o que "revela que há uma perceção que é preciso agir e é essa que não podemos destruir".

Apesar dessa cautela, avisa as instituições financeiras. "Os bancos têm de fazer o seu papel, é responsabilidade deles no contrato social que têm com Portugal faze-lo, tem responsabilidade de acompanhar os que estão com dificuldades", disse Mário Centeno, acrescentando que a mesma responsabilidade se aplica à remuneração das poupanças: "Os bancos em Portugal beneficiam da fidelidade dos seus depositantes e este é um ativo que não deve ser desbaratado".


Sobre a hipótese de medidas mais abrangentes como o congelamento das prestações, o governador do Banco de Portugal disse que não é favorável pois podem gerar "mimetismo" e serem usadas por quem não tem necessidade.

(Notícia atualizada às 12:30)
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