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Centeno: "Perdas do Novo Banco não são geradas pela venda"
O ministro das Finanças defende que os ativos que hoje geram perdas ao Novo Banco passaram para o banco "de forma totalmente inexplicável".
Mário Centeno, ministro das Finanças, defende que as perdas registadas pelo Novo Banco não se devem à forma como o banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo norte-americano Lone Star. Estas devem-se, realça, aos ativos que a entidade herdou do Banco Espírito Santo "de forma totalmente inexplicável".
"As perdas não são geradas pela venda, nem pela forma como a venda foi feita", começa por dizer Mário Centeno aos deputados, esta quinta-feira, na comissão de Orçamento e Finanças.
Estas "existem porque ficaram dentro do banco" ativos que pertenciam ao BES. "Aquilo que disseram que era bom, afinal não era", nota Mário Centeno, relembrando que a primeira tentativa de venda falhou porque não surgiram interessados.
"O buraco não nasceu nesta legislatura, existia antes. Foi passado para o banco bom de forma totalmente inexplicável. Este buraco foi gerado no momento em que estes créditos são originados e essa é a grande virtude desta auditoria que vamos pedir e que vai ajudar, tal como na CGD, a perceber como é que se geraram créditos deste gabarito", diz o ministro, explicando o objeto da auditoria.
"A verdade vem sempre ao de cima", realça o ministro das Finanças. É "como a água e o azeite", diz, "a parte que deixaram ficar no Novo Banco vem sempre ao de cima".
Estas declarações são feitas depois de o ministro das Finanças ter dito esta quarta-feira, em entrevista na RTP3, que "nem um euro" público será gasto no Novo Banco, já que o dinheiro que o Estado está a emprestar ao Fundo de Resolução para recapitalizar o banco será pago em 30 anos, sem recorrer aos impostos dos portugueses.
Já o primeiro-ministro garantiu esta quinta-feira, no debate quinzenal, que o que existe é um empréstimo ao Novo Banco e não uma oferta de dinheiro dos contribuintes àquela instituição bancária, referindo-se ao processo de resolução do antigo BES e recapitalizações seguintes.
Foi na semana passada, após a apresentação dos resultados do Novo Banco, quando este pediu mais 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução para reforçar os rácios de capital, que o Governo pediu uma auditoria ao processo de concessão dos créditos incluídos no mecanismo de capital contingente.
Questionado pelos deputados por que é que só agora é que o Governo decidiu pedir uma auditoria aos créditos do Novo Banco, isto depois de a instituição financeira ter recebido uma outra injeção de 792 milhões de euros no ano passado, Mário Centeno não explicou, dizendo apenas que o Executivo "entendeu que era agora que devia pedir esta auditoria".
(Notícia atualizada às 20:44 com mais informação)