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Centeno defende que aprofundamento da Zona Euro requer ambição e pragmatismo

O presidente do Eurogrupo considera que, para uma integração mais profunda da Zona Euro, são necessários dois ingredientes: ambição e pragmatismo. Mário Centeno quer que em Junho esteja definido um calendário para a reforma da Zona Euro.

Miguel Baltazar/Negócios
22 de Março de 2018 às 11:49
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Não é propriamente uma novidade que em cima da mesa dos Estados-membros da Zona Euro está a reforma da união monetária. Mas agora o presidente do Eurogrupo, o português Mario Centeno, ambiciona que seja feito um alinhamento nesse sentido.

Em entrevista à Reuters, o líder do Eurogrupo defendeu que os planos para uma integração da Zona Euro exigem ambição e pragmatismo para que seja possível alcançar progressos em questões como o orçamento da Zona Euro e a limitação da exposição da banca ao sector quer público e privado dos países. 

Os líderes da Zona Euro vão debater esta sexta-feira (a Cimeira da Primavera começa hoje e termina amanhã) o tema, para que em Junho possa haver mais desenvolvimentos. "Em Junho, temos de ser claros quanto ao calendário e o quão longe queremos ir. Se colocarmos isso num documento, será já uma grande conquista", disse Centeno, à margem do encontro do G20.

O leque de reformas que estão em cima da mesa é amplo e os progressos alcançados até aqui têm sido diminutos. Um dos principais entraves foi a falta de um governo na Alemanha. Angela Merkel só tomou posse para o seu quarto mandato há alguns dias depois de no início de Março o SPD ter aprovado um governo de coligação com Merkel.

Apesar de haver várias questões em cima da mesa, a verdade é que a união monetária tem estado focada em dois temas: a finalização da união bancária e a transformação do Mecanismo Europeu de Estabilidade num Fundo Monetário Europeu, como sublinha a Reuters.

Todo este processo tem, contudo, estado envolvido em alguma controvérsia, sublinha a agência. Uma das questões mais polémicas estará relacionada com o esquema de garantias de depósitos, uma vez que muitos Estados-membros sinalizaram que a banca precisa primeiro de diminuir os riscos a que estão expostos. Na prática, isto pode querer dizer uma diminuição do crédito malparado que está no balanço dos bancos.

Há dois dias, Mário Centeno, numa entrevista à agência Bloomberg, na qual sublinhou que completar a União Bancária é uma prioridade na União Europeia, que poderá acontecer este ano.

A futura União Bancária é composta por três pilares: o Mecanismo Único de Supervisão é o primeiro e já está operacional, a cargo do Banco Central Europeu (BCE), que supervisiona directamente os principais bancos europeus, caso dos portugueses Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco.

O segundo pilar é o Mecanismo Único de Resolução e cabe-lhe a resolução e/ou reestruturação dos bancos em risco de bancarrota. O objectivo é de estar dotado com 55 mil milhões de euros até 2024, valor que virá das contribuições dos bancos. Terá ainda a possibilidade de se financiar nos mercados através de emissão de dívida.

Por fim, o terceiro pilar é o Fundo de Garantia de Depósitos comum. Esta parte do processo é que está mais atrasada, havendo muitas dúvidas sobre a sua concretização, com muitos países a colocarem entraves, como a Alemanha, devido à mutualização do risco.

Ainda sobre o sistema bancário europeu, afirmou Centeno na entrevista à Bloomberg, que os bancos europeus reduziram, no ano passado, 25% do crédito malparado e considerou que a Itália está a fazer um "grande trabalho" na reestruturação do seu sector financeiro. "Precisamos de fazer mais, mas estamos a fazer muito", vincou, na entrevista à Bloomberg TV.

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