Notícia
Carlos Costa quer explicar "assalto ao castelo" no Parlamento
O governador do Banco de Portugal fala em acusações distorcidas numa reportagem emitida pela SIC e pediu a Teresa Leal Coelho para ser ouvido pelos deputados, avança o Expresso.
Carlos Costa pretende responder na Assembleia da República a "um conjunto de acusações à supervisão que distorcem aquilo que é a realidade do que se passou". Em causa estão informações divulgadas pela SIC sobre a intervenção do governador do Banco de Portugal (BdP) no âmbito do caso BES.
Segundo avança o Expresso, o líder do banco central escreveu uma carta à presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, Teresa Leal Coelho, em que se disponibiliza para "repor a verdade" quanto aos dados, agora divulgados, de que ignorou vários alertas relativos ao Grupo Espírito Santo.
Na reportagem intitulada "Assalto ao Castelo", que a SIC transmitiu na semana passada dividida em três partes, Costa é acusado de ter desconsiderado um relatório do BPI que apontava para uma dívida do GES de cerca de seis mil milhões de euros e de também não ter prestado atenção aos técnicos do BdP que o aconselhavam a reavaliar a idoneidade de Ricardo Salgado.
Os dados revelados nesta investigação do jornalista Pedro Coelho já levaram a associação de lesados do BES, que representa perto de 120 pessoas, a anunciar que vai avançar com uma acção judicial contra o Banco de Portugal. Num comunicado enviado no sábado, 4 de Março, o líder da associação, Luís Janeiro, diz que "o BdP estava consciente da situação real do BES e da forma como estava a ser feito o financiamento do grupo financeiro e não actuou em devido tempo, permitindo que os clientes assumissem um risco que desconheciam que resultou na perda das suas poupanças".
Supervisão volta a fervilhar a política
Enquanto o Bloco de Esquerda e o PCP continuam a pedir a demissão de Carlos Costa, o primeiro-ministro já afastou essa possibilidade deixada também em aberto pelo líder parlamentar socialista, Carlos César. António Costa afirmou que "aquilo que compete ao actual Governo é trabalhar com o governador".
À direita, Pedro Passos Coelho defendeu que Carlos Costa tem condições para cumprir o mandato e criticou mesmo "o Governo e a maioria que o acompanha" por "amesquinhar ou mesmo ameaçar" quem se pronuncia de uma forma que "não seja simpática para o que esta quer ouvir".
Já a líder do CDS-PP referiu que "respeita e reconhece" o estatuto de independência da instituição, preferindo não se pronunciar para já. Ainda assim, Assunção Cristas sustentou que deve ser melhorada a organização e gestão interna do Banco de Portugal, que classificou como "muito antiquada".