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Catarina Martins insiste que Carlos Costa "não tem condições" para continuar no Banco de Portugal
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou hoje que, "por muitas explicações que o governador do Banco de Portugal queira dar, não tem condições para continuar" no cargo.
Catarina Martins falava aos jornalistas no final de uma conferência sobre "A Europa dos valores", na Escola Mário Sacramento, em Aveiro, após ser tornada pública a disponibilidade do governador do Banco de Portugal para ir à Assembleia da República prestar esclarecimentos.
"O governador do Banco de Portugal, por muitas explicações que queira dar, não consegue apagar os seus erros do passado e não tem condições para continuar. Agora, se quiser prestar esclarecimentos, cá estamos para ouvir e perguntar, e seria até interessante que explicasse porque é que não falou de nenhum dos documentos que apareceram na reportagem ("Assalto ao Castelo" da SIC) à comissão parlamentar de inquérito do BES, o que me parece particularmente grave que não tenha feito", disse aos jornalistas.
Confrontada com a declaração do primeiro-ministro de que o governador do Banco de Portugal é inamovível, a líder do Bloco de Esquerda lembrou que pode ser destituído por falha grave e perguntou "quantas mais falhas graves são precisas".
"O que dirão os lesados do BES ao saber que o Banco de Portugal já sabia que o papel comercial que estavam a comprar não valia nada um ano antes, e permitiu que acontecesse, ou que Ricardo Salgado e os restantes banqueiros do BES não tinha idoneidade e permitiu que continuasse a funcionar, fazendo Portugal perder empresas estratégicas como a PT", questionou.
Catarina Martins defendeu ainda que os deputados e a justiça terão alguma coisa a dizer quanto "ao facto de o governador ter ido a uma comissão de inquérito e se esquecer de falar dos documentos que tinha e do que sabia".
"Há todo um país que não compreende como é que se permite que a supervisão bancária continue entregue a uma pessoa que demonstrou ser tão incapaz até agora", concluiu.
Solicitada a comentar a possibilidade do governo estar a preparar o fim das promoções automáticas na função pública, a líder do BE garantiu que o seu partido nunca aceitará, em nome da transparência, que "os mecanismos que existem de promoção automática sejam trocados por mecanismos de promoção escolhida a dedo", justificando que tal troca "pode servir clientelismos".