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Carlos Costa: Problemas na banca surgiram nos anos de Constâncio na supervisão

Os erros que se acumularam nos bancos foram cometidos entre 2000 e 2010, diz o governador, que chegou ao cargo no último ano. Sobre as críticas que lhe são feitas no âmbito do ajustamento, Carlos Costa sente-se ofendido.

Miguel Baltazar
23 de Novembro de 2016 às 10:49
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Carlos Costa defende que foi antes de assumir o cargo de governador do Banco de Portugal que foram cometidos os erros que, hoje em dia, pesam no balanço dos bancos através da constituição de imparidades.

 

No Fórum Banca, organizado pelo Jornal Económico e a PwC que se realizou esta quarta-feira, 23 de Novembro, em Lisboa, o líder do regulador defendeu que é importante perceber porque é que se acumularam tantas dificuldades no balanço dos bancos e quando é que os erros foram cometidos. E Carlos Costa tem uma resposta:

 

"[Foi] entre 2000 e 2010. Não se acumularam depois de 2011", declarou o governador. E é aqui que faz a distinção de mandatos sem o mencionar explicitamente: Vítor Constâncio foi o governador entre 2000 e 2010, Carlos Costa só nesse ano chegou.

 

"Estamos a enxaguar todos os problemas que gerámos no período de 2000 a 2010. Os reguladores são hoje os bombeiros dos pirómanos de outra época. Os gestores são os reparadores", declarou.

 

Fragilidades vindas da época passada

 

Na sua intervenção, Carlos Costa elencou seis factores de fragilidade do sistema financeiro português, todas atiradas para o mandato do seu antecessor.

 

O líder do regulador começou por falar, em primeiro lugar, na "estrutura accionista dos bancos que potenciou fenómenos" como a concessão de crédito para financiar a compra de acções (que aconteceu no BCP).

 

Depois, apontou com mais elementos: o financiamento para a aquisição de participações noutras empresas; a subestimação do risco ("isto não foi depois de 2011, foi antes de 2011"); o financiamento à construção e obras públicas; a "bondade" na concessão de crédito sem real avaliação; e a exposição a empresas expostas ao ciclo económico.

 

Críticas à troika na banca "revelam ignorância" e são "ofensa"

 

Atirando para o passado as responsabilidades pela actual situação na banca, em que a constituição de imparidades para cobrir créditos em incumprimento ou em risco de ficar em incumprimento está a anular os resultados das instituições financeiras, Carlos Costa defende que tudo está melhor agora.

 

"O sistema está muito mais robusto. A banca foi muito mais resiliente do que normalmente se diz", afirmou o governador.

 

Aliás, Carlos Costa quis responder a quem critica a actuação da troika (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) entre 2011 e 2014, nomeadamente por não ter impedido o resgate de dois bancos (BES e Banif): "Os que dizem que [a política da troika para a banca] foi um fracasso não sabem seguramente do que falam".

 

"É uma ofensa a quem fez o programa de ajustamento e uma ofensa ao Banco de Portugal", frisou o responsável da autoridade, acrescentando ainda que tais críticas revelam "grande ignorância, para não dizer iliteracia". 

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