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Cada euro de crédito ao consumo gera 1,5 euros no PIB ao final de dois anos
De acordo com um estudo da Nova SBE e da Associação de Instituições de Crédito Especializado, a oferta do crédito especializado está significativamente correlacionada com a atividade económica.
Depois de atingir recordes sucessivos, há ligeiros sinais de abrandamento na concessão de crédito ao consumo, à boleia das medidas do Banco de Portugal. O forte aumento assustou o regulador, mas, segundo um estudo da Nova SBE, em parceria com a Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC), este crescimento pode ser benéfico para a economia. Isto porque, refere, cada euro de crédito traduz-se em mais um euro para o Produto Interno Bruto (PIB) ao fim de um ano. Já passados dois anos este valor aumenta para 1,5 euros.
"Encontramos um efeito multiplicador – variação do PIB sobre a variação do crédito concedido pelas associadas da ASFAC – em aproximadamente 1 passado um ano, e de 1,5 passados dois anos. Isto é, um euro a mais de concessão de crédito das associadas da ASFAC traduz-se em aproximadamente 1 euro passado um ano, e 1 euro e 50 cêntimos passados dois anos", de acordo com o estudo apresentado esta terça-feira, 25 de junho, no campus da Nova SBE, em Carcavelos, sobre o "impacto do crédito ao consumo na economia portuguesa".
O estudo adianta ainda que o efeito do crédito no PIB "dá-se acima sobretudo através do consumo de bens duráveis e investimento. Quando o crédito ASFAC [das instituições de crédito especializado] aumenta inesperadamente em 1%, o consumo de bens duráveis e investimento aumenta em 0,5% e 0,4%, respetivamente, passado dois anos".
Além disso, conclui, "o impacto de um aumento da oferta de crédito ASFAC aumenta o número total de empregos e diminui a taxa de desemprego". Portanto, "de uma forma geral, concluímos que a oferta do crédito ASFAC está significativamente correlacionada com a atividade económica".
Segundo o estudo, esta correlação não é de agora. "Nesta análise, concluímos que os choques na oferta de crédito total ASFAC foram relevantes para a dinâmica do PIB em Portugal nas últimas duas décadas. Em particular, os choques negativos, ou seja, de contração do crédito total ASFAC, contribuíram aproximadamente em metade para a redução do PIB na segunda metade de 2011 até à primeira metade de 2012".
O documento destaca ainda "o facto de a recuperação do PIB pós-crise de 2014 se dever, em grande medida, à recuperação do crédito total ASFAC. Sem o aumento do crédito ASFAC, o PIB seria aproximadamente 0,5% inferior ao registado no primeiro trimestre de 2018".