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BPI reabre banco circular de Siza Vieira que gerou estupefação nos anos 80
Edifício desenhado pelo prestigiado arquiteto, que deu forma a uma agência do então Banco Borges & Irmão, foi bastante contestado e alvo de piadas durante alguns anos, até que ganhou um prémio internacional e converteu-se numa obra de culto a nível mundial.
A 16 de fevereiro de 1980, em pleno estuário do Tejo, o porta-contentores Tollan, de bandeira britânica, choca com o navio sueco Barranduna e tomba sobre si próprio, arrastando para a morte quatro dos seus 16 tripulantes.
E aqui permaneceu encalhado durante quase quatro anos, com o seu casco a servir de poiso para gaivotas, tendo entrado para o anedotário nacional, com o nome Tollan a ser adotado pelos portugueses como sinónimo de "encalhado", dando nome a cafés e restaurantes - "jantares Tollan", por exemplo, foi como começaram a ser chamados os jantares de solteiros.
O Tollan só viria a ser removido do Tejo em dezembro de 1983.
Passados três anos, em Vila do Conde, abria uma agência do então Banco Borges & Irmão que gerou grande estupefação e, na altura, bastante contestação.
Situado na zona antiga da cidade, o prédio de três andares, idealizado pelo arquiteto Siza Vieira, distinguia-se pela parede branca circular, levando muito gente a dizer, em forma de piada, que tinham levado o Tollan para Vila do Conde.
Com o tempo, a obra foi-se entranhando, passando mesmo a ser alvo de romaria, sobretudo a partir de 1988, ano em que este projeto de Siza Vieira foi galardoado na edição de estreia do Prémio de Arquitetura Mies Van der Rohe, instituído pela Comissão Europeia e que consagra arquitetos da União Europeia.
O Banco Borges & Irmão viria a ser comprado em 1996 pelo BPI, que manteve aberta a icónica agência de Vila do Conde.
Entretanto, no início deste ano, este marco da arquitetura portuguesa fechou para "a execução de intervenções de manutenção no exterior e de modernização no interior do edifício, com o alargamento da zona de atendimento a clientes, de acordo com critérios de privacidade e conforto", revela o BPI, num comunicado em que sinaliza a reabertura da agência para a próxima segunda-feira, 29 de março.
O BPI destaca que "as obras realizadas contaram com o acompanhamento do gabinete do prestigiado arquiteto português e o próprio Siza Vieira esteve presente para avaliar o andamento das intervenções".
O banco controlado pelo espanhol CaixaBank lembra que o emblemático edifício branco de forma arredondada está classificado como "Património do Presente" e integra o roteiro das obras de Siza Vieira a visitar na zona do Grande Porto.
"Todos os anos, centenas de estudantes de arquitetura e especialistas da área, nacionais e internacionais, visitam esta obra ‘de culto’", realça o BPI.