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BPI analisou mais de 400 empresas ligadas ao Luanda Leaks

Pablo Forero garante que o banco "sempre cumpriu a lei" na monitorização de operações suspeitas de branqueamento de capitais, mas admite que está a ser feita uma análise adicional.

Pedro Simões
03 de Fevereiro de 2020 às 12:34
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O BPI já analisou todas as operações e clientes com alguma ligação ao caso Luanda Leaks. Em causa estão mais de 400 empresas que a investigação do consórcio internacional de jornalistas ligou à empresária angolana Isabel dos Santos que, até 2016, foi acionista do BPI.

A garantia foi dada por Pablo Forero, presidente executivo do BPI, que falava na apresentação de resultados anuais do banco esta segunda-feira, 3 de fevereiro. O responsável assegura que o banco "sempre cumpriu a lei" no que respeita à monitorização de operações suspeitas e que, por isso, não deverá haver danos reputacionais.

Mas admite que já foram feitas análises adicionais após a divulgação do caso Luanda Leaks. "Já temos todas as transações analisadas. O Luanda Leaks vem com uma listagem de 433 empresas, com ligações a Isabel dos Santos, e analisámos se estas têm ou já tiveram contas no BPI, para decidir se alguma deveria ser analisada com mais atenção. Já identificámos aquelas com que teremos de ter mais cuidado e estamos a fazer esse trabalho", detalhou o responsável.

Pablo Forero não especifica quais as empresas que foram identificadas, mas indica que já foi partilhada informação com as autoridades internacionais. "A lei de branqueamento de capitais proíbe-nos de falar sobre o que detetámos. Só podemos partilhar essa informação com as autoridades. A lógica da lei europeia é não alertar os criminosos para a análise que está a ser feita", explicou.

Apartamento no Mónaco está a ser investigado

O presidente do BPI frisou que não poderia comentar clientes ou operações concretas, mas admitiu uma atenção particular ao apartamento no Mónaco que Isabel dos Santos comprou por 55 milhões de dólares.

"Estamos a avaliar se temos, ou não, suspeitas de branqueamento de capitias por trás dessa operação. Se isso acontecer, temos um procedimento a seguir e comunicaremos às autoridades", disse Pablo Forero.

Em causa, segundo revelou o Expresso no âmbito da investigação Luanda Leaks, está um apartamento no Mónaco, que Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, adquiriram por 55 milhões de dólares, através da empresa maltesa Athol Limited. O apartamento encontra-se num edifício de dez andares, projetado por Andrea e Pierre Casiraghi, filhos da princesa Carolina do Mónaco.

Não há contactos com o BCE sobre o BFA

O Banco Central Europeu (BCE) recomenda, desde 2017, que o BPI reduza a posição que ainda detém no Banco de Fomento Angola (BFA) - onde Isabel dos Santos também detém uma participação, entretanto arrestada, através da Unitel. O BPI acata esta recomendação, mas mantém que não tem pressa na concretização desta venda e assegura que o caso Luanda Leaks não vem acelerar o processo.

"Nã temos contactos com o BCE sobre isto. A recomendação é muito clara, mas não há novidades. Estamos totalmente tranquilos e não esperamos qualquer notícia negativa com respeito ao BFA", esclareceu Pablo Forero.

Para além do BPI, que controla 48,1% do BFA, o banco angolano tem como acionista a operadora de telecomunicações angolana Unitel, que detém uma participação de 51,8%.

Notícia atualizada pela última vez às 12h44 com mais informação.
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