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Banco de Portugal: Ainda há sinais de sobrevalorização no mercado imobiliário
O regulador nota que o mercado imobiliário português continua a estar particularmente dependente da procura de casa por parte de estrangeiros.
O Banco de Portugal considera que ainda há sinais de sobrevalorização no mercado imobiliário português. E que este continua a estar muito dependente dos estrangeiros, alertando para o impacto no setor de uma quebra acentuada da procura de casa por parte dos não residentes.
"Continua a existir evidência, em termos agregados, de sobrevalorização no mercado imobiliário residencial desde a segunda metade de 2017, sendo expectável que exista heterogeneidade a nível geográfico", refere o banco liderado por Carlos Costa no relatório de estabilidade financeira publicado esta quarta-feira, 5 de junho.
Esta evolução, continua, "tem refletido a forte dinâmica do turismo e do investimento direto por não residentes". Nesse sentido, refere que o setor "continua a estar particularmente dependente da intervenção dos não residentes". Ou seja, da procura de casa por parte dos estrangeiros, que pode, alerta, vir a sofrer uma quebra acentuada.
"O abrandamento mais acentuado da atividade económica a nível global, decorrente em particular da materialização de eventos de tensão geopolítica, aumentos dos prémios de risco e eventuais alterações no quadro regulamentar nacional sobre o mercado imobiliário poderão vir a traduzir-se numa interrupção brusca do dinamismo do imobiliário e, consequentemente, num ajustamento em baixo dos preços", nota o regulador no relatório, alertando que "uma eventual redução acentuada e brusca da procura de imóveis por não residentes também constitui um risco para a estabilidade financeira".
Bancos devem ter "cuidado" na concessão
Este cenário de sobrevalorização leva o Banco de Portugal a pedir às instituições financeiras mais "cuidado" na concessão de crédito. "Perante esta sobrevalorização [do mercado imobiliário], é importante que as instituições tenham particular cuidado na definição dos critérios de concessão de crédito", refere o Banco de Portugal.
O regulador salienta ainda que a "tentativa de aumentar o volume de crédito através da fixação de spreads da taxa de juro que não cubram o risco de crédito de maneira sustentável poderá resultar, no futuro, num maior nível de incumprimento".
Ainda assim, está confiante de que as limitações impostas no ano passado relativamente ao novo crédito poderão "contribuir para mitigar o risco de interação entre o crédito interno e os preços no mercado imobiliário". Estas medidas levaram os bancos a apertarem as condições de financiamento às famílias no que diz respeito à taxa de esforço exigida, ao valor do imóvel financiado e às maturidades dos empréstimos.