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BCP avança com redução de trabalhadores. Sindicatos dizem que podem sair até mil pessoas

O período de adesão ao programa de reformas e rescisões por mútuo acordo começa no próximo dia 16 de junho e decorre até 18 de agosto. Sindicatos dizem que pode estar em causa a saída de até 1.000 trabalhadores.

Tiago Petinga
09 de Junho de 2021 às 12:57
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O BCP prepara-se para "encolher" o número de trabalhadores. O banco vai arrancar com um programa de reformas e rescisões por mútuo acordo a partir da próxima semana. A decisão foi comunicada aos trabalhadores da instituição financeira por Miguel Maya, esta quarta-feira, numa nota a que o Negócios teve acesso. Sindicatos dizem que podem sair até mil pessoas. 

"O processo inicia-se com este apontamento que dirijo a todos os trabalhadores, e prosseguirá agora com as reuniões com os Sindicatos, com a Comissão de Trabalhadores e com a DGERT, as quais podem levar a alguns ajustes na forma como planeámos a execução", pode ler-se na nota assinada por Miguel Maya. 

"Perspetivamos que o período de adesão ao programa de reformas e rescisões por mútuo acordo se inicie no próximo dia 16 de junho e decorra até 18 de agosto, seguindo-se, na eventualidade de ser necessário para alcançar a redução em função dos critérios específicos que considerámos, a implementação de medidas unilaterais de redução do número de trabalhadores. O final do período negocial está perspetivado para 20 de setembro", afirma o presidente executivo do BCP. 

Não adianta, porém, quantas pessoas poderão sair com este programa. "Não salientamos ainda as condições e o número concreto de pessoas a abranger, pois entendemos que tal só deverá ser conhecido após as reuniões a realizar com as estruturas representativas dos trabalhadores, as quais perspetivamos possam ocorrer até 16 de junho". No primeiro trimestre deste ano, o banco contava com sete mil colaboradores na atividade em Portugal. 

No entanto, os sindicatos adiantam, em comunicado enviado esta quarta-feira, que esta decisão pode afetar até mil trabalhadores. "Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, reuniu-se esta manhã com o Mais Sindicato, o SBC e o SBN para comunicar-lhes a decisão de reduzir o quadro de pessoal até mil trabalhadores, informação também transmitida hoje aos bancários da instituição", referem, notando que "se o processo correr bem do ponto de vista do banco, poderá não ser necessário chegar às mil saídas". 

Segundo a informação que foi transmitida aos sindicatos pelo CEO, "o plano terá maior impacto nos serviços centrais e justifica-se, segundo o CEO, pelo desenvolvimento tecnológico implantado, que reduziu a necessidade do atual número de trabalhadores". Além disso, "o banco está igualmente a diminuir a utilização de serviços em outsourcing, mantendo somente aqueles em que a vantagem tecnológica é evidente", adiantam. 

Quanto às condições do progama, referem no comunicado que "a
penas os trabalhadores com 57 ou mais anos serão elegíveis para reforma, mas podem, também, ser contactados para uma rescisão por mútuo acordo (RMA)".

No caso das RMA, "o BCP propõe 1,4 da remuneração mensal efetiva (RME). Os trabalhadores que ponderem esta possibilidade, devem saber desde já que não terão direito a subsídio de desemprego".

Reduzir para melhorar eficiência

Segundo o CEO do BCP, na nota enviada aos trabalhadores, "quando apresentámos o plano estratégico 'Mobilizar 2018/2021' estávamos convictos que a fase de recuperação da economia e o equilíbrio das contas públicas portuguesas estariam alcançados no final de 2019 e que, também por essa data, a recuperação do BCP estaria concluída, perspetivando-se que os ajustamentos ao quadro de pessoal que já identificáramos como necessários levar a cabo para assegurar a competitividade do banco ocorreriam de forma mais relevante em 2020". 

Mas o primeiro trimestre de 2020 foi marcado por uma crise pandémica, o que levou o BCP a adiar os planos de redução de pessoal. 

 

"Não obstante se perspetivar que, dada a natureza da crise, a recuperação económica ocorra a bom ritmo, constata-se também que a crise pandémica acelerou e acentuou um conjunto de tendências que já se perspetivavam viessem a ocorrer num horizonte temporal mais amplo, bem como exacerbou o impacto de um conjunto de fatores específicos que influenciam e condicionam de forma muito relevante a competitividade dos bancos sediados em Portugal", refere na nota. 

 

É o caso da "alteração dos hábitos e preferências de interação dos clientes", a "forte incorporação de tecnologia nos modelos e processos de negócio no setor financeiro", mas também a "exigência pelos clientes de preços que incorporam margens muito reduzidas, pela capacidade que hoje dispõem de utilizar sem custos acrescidos qualquer banco ou operador de serviços financeiros (Bancos, Fintechs, BigTechs)".

Além disso, diz Maya, "a eficiência do modelo de negócio do banco tem de assegurar uma rendibilidade sustentável em patamar superior ao do custo do capital que utilizamos, pois se não o conseguirmos, como não estamos a conseguir (ROE de 3,1%, 5,1% e 5,2% em 2020, 2019 e 2018 respetivamente), não será possível gerar a prosperidade necessária para remunerar adequadamente os trabalhadores". 

A decisão de reduzir o número de trabalhadores "
foi tomada tendo por base uma análise minuciosa das necessidades e da capacidade existente, ponderando adequadamente as especificidades do banco e o impacto das novas tecnologias nos nossos modelos e processos de negócio, bem como a evolução que perspetivamos para o BCP, a qual será apresentada ao mercado no âmbito da revisão do plano estratégico", notando que "a restruturação a efetuar, sendo intensa, não implicará uma redução imediata para níveis equivalentes a alguns dos nossos principais concorrentes". 

"Os próximos meses serão muito difíceis. Teremos de ser capazes de implementar o plano com o mínimo de perturbação na atividade do banco, mas confiamos na organização e na capacidade das pessoas e das equipas para o fazermos com rigor", remata. 

(Notícia atualizada com mais informação.)

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