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Bankinter compra Barclays em Portugal por 100 milhões de euros

Era considerado como não estratégico para o grupo britânico. E, agora, é vendido. O banco de retalho português do Barclays vai para mãos espanholas. A venda é feita depois de o Barclays ter rescindido com funcionários e encerrado balcões.

Chris Ratcliffe/Bloomberg
02 de Setembro de 2015 às 19:13
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"Barclays vai sair de Portugal". A notícia é de 8 de Maio de 2014, quando Londres disse que o mercado nacional não era estratégico para o seu negócio de retalho. Mais de um ano depois, concretiza-se a ideia. O Bankinter vai comprar os balcões e clientes de retalho do Barclays em Portugal.

 

"O Bankinter concluiu hoje com o Barclays Bank PLC a operação de aquisição do seu negócio de Retail & Wealth Portugal, que inclui os segmentos de banca de retalho, banca privada e banca de empresas que a entidade britânica gere em Portugal", indica o comunicado enviado às redacções esta quarta-feira, 2 de Setembro.

 

O valor do negócio é 100 milhões de euros, de acordo com a mesma fonte.

 

Confirma-se, assim, um rumor que circulava desde Julho, quando a Bloomberg revelou que o comprador do Barclays em Portugal era o Bankinter.

  

Em Maio de 2014, o banco britânico já tinha indicado que Portugal não era um mercado estratégico, tal como Espanha. Só que o negócio no país vizinho já se tinha concretizado, com a alienação do retalho ao CaixaBank, maior accionista do BPI. Há agora entendimento para a venda da unidade nacional.

 

A alienação acontece depois de uma reestruturação levada a cabo pelo banco em Portugal. Houve uma redução de 29% do quadro de funcionários, que ronda actualmente os 1.000 colaboradores. Também foram cortados mais de 30% dos balcões. São 84 as agências transferidas. 

 

Já se sabia que a reestruturação não afastava a hipótese de venda. "A venda é sempre uma opção", disse Claudio Corradini, gestor do retalho português, em Setembro de 2014. O que agora aconteceu. 

Como normalmente, a operação tem ainda de aguardar por autorizações regulatórias, sendo que a instituição britânica acredita que o negócio estará fechado no primeiro trimestre de 2016. 

O que é vendido

O Barclays Portugal, que será adquirido pela instituição espanhola, conta com uma "uma carteira de créditos de 4.881 milhões de euros, 2.936 milhões de euros em activos geridos em contas extrapatrimoniais, uma rede de 84 balcões, uma equipa de 1.000 colaboradores e 185.000 clientes, dos quais 20.300 são empresas", assinala o comunicado de imprensa. 

 

Fora da operação, de acordo com o comunicado, ficam os negócios da banca de investimento e dos cartões de crédito, o BarclayCard. Além disso, há um "pequeno número de clientes corporativos" que permanecem sob a gestão do Barclays. O banco britânico explica que em causa estão clientes multinacionais.

 

Não se sabe qual o impacto financeiro da operação, já que depende da "rentabilidade dos negócios e de movimentos cambiais", segundo explica o Barclays em comunicado. Espera-se um ligeiro aumento do rácio de solidez de capital de referência (CET1).

 

Bankinter e Mapfre compram seguros por 75 milhões

 

"A Bankinter Seguros de Vida, empresa controlada em 50% pelo Bankinter e pela Mapfre, acordou com o Barclays a aquisição do seu negócio de seguros de vida e pensões em Portugal, por um valor estimado de 75 milhões de euros", indica ainda o mesmo documento.

 

É um outro negócio a par da compra do banco. "A sucursal em Portugal do Barclays Vida y Pensiones, que gere mais de mil milhões de euros em activos, obteve 150 milhões em prémios e 12,7 milhões de euros de lucro líquido em 2014", diz o comunicado de imprensa.

 

Portugal é segundo mercado externo do Bankinter

 

O Bankinter, criado há 50 anos, comprou há dois anos uma filial luxemburguesa do holandês Van Lanschot. Entra agora em Portugal. "Representa um marco na história recente do banco e constitui uma excelente oportunidade para o Bankinter e para os seus accionistas, da qual conseguiremos obter um rápido retorno a breve trecho", diz a presidente executiva da instituição espanhola, María Dolores Dancausa.

 

"Este é um país com muitas potencialidades, que passou por momentos difíceis, mas que, com o esforço de toda a sociedade portuguesa, enveredou pelo caminho de recuperação, apresentando um ritmo de crescimento para os próximos anos em linha com o da restante Zona Euro. Foi por isso que decidimos investir em Portugal. Os clientes do Barclays em Portugal terão acesso a produtos financeiros inovadores e a um serviço da máxima qualidade", assinala a CEO do banco espanhol.

 

Venda em Portugal "equilibra" Barclays

 

"Tenho o prazer de anunciar mais progressos na redução do Barclays non-core [não estratégicos] através das transacções anunciadas hoje. Avançamos conforme planeado no caminho para reequilibrar o Barclays, no âmbito da nossa estratégia para entregar retorno sustentável aos nossos accionistas", indica o presidente da administração do grupo John McFarlane, no comunicado enviado às redacções.

 

O "chairman" do Barclays acredita que, nos negócios em que mantém as operações, "tem vantagem competitiva em Portugal". 

O grupo britânico tem empreendido uma reestruturação também a nível global, depois de ter estado envolvido em vários escândalos, nomeadamente a manipulação da taxa de referência Libor, levada a cabo por Antony Jenkins, que entretanto foi afastado da instituição, alegadamente porque o processo estava a ser demorado. 




(Notícia actualizada às 19h35 com mais informações)

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