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Bancos europeus preparam-se para enfrentar uma tempestade sobre os resultados

Depois de os maiores bancos dos Estados Unidos terem apresentado resultados na semana passada, hoje é a vez da banca europeia dar o pontapé de saída na divulgação de números. Espera-se que o valor das reservas aumente 130% no ano todo.

22 de Abril de 2020 às 12:12
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Os bancos europeus deverão anunciar um aumento das reservas em vários milhares de milhões de euros para precaver possíveis perdas com o incumprimento de pagamento de empréstimos, devido ao impacto económico do coronavírus, numa altura em que se preparam para dar o pontapé de saída em mais uma temporada de resultados trimestrais. 

O valor das provisões para perdas em empréstimos ("loan loss provisions"), uma despesa reservada para prover eventuais falhas com pagamentos de empréstimos, deverá crescer 130% em 2020 como um todo entre os maiores bancos da Europa, de acordo com os analistas questionados pela Reuters, com base nos dados fornecidos pela Refinitiv. 

Em simultâneo, os analistas cortaram também as perspetivas para o lucro anual em 40%, em termos homólogos, para uma lista dos principais "players" do setor, que inclui HSBC, BNP Paribas e Deutsche Bank. 

Para já, e relativamente ao primeiro trimestre deste ano, o italiano UniCredit foi o primeiro banco europeu a apresentar resultados e entre janeiro e março aumentou as suas reservas para acautelar possíveis incumprimentos em 900 milhões de euros, segundo a batuta iniciada pelos seis maiores bancos de Wall Street. Na semana passada, os pares norte-americanos mostraram um aumento combinado de 25,4 mil milhões de dólares nas provisões. 

Itália tem sido um dos países da Zona Euro mais atingidos pela pandemia da covid-19, tendo sido um dos primeiros países a definir um "lockdown", e tem apelado a um esforço por parte da União Europeia para a emissão de dívida conjunta para combater o impacto económico provocado pelo coronavírus.

Assim, os bancos do país deverão seguir o cenário já divulgado pelo Unicredit e aumentar o valor das suas reservas no primeiro trimestre, numa altura em que a economia local vai enfrentar uma recessão que poderá atingir os 9,1%, segundo o Fundo Monetário Internacional. A banca transalpina é a que tem uma exposição maior a pequenas e médias empresas entre os pares europeus, e provavelmente será a mais penalizada com um "lockdown" prolongado.

O Morgan Stanley estimou mesmo que os bancos de Itália deverão acumular entre 60 a 80 mil milhões de euros em imparidades nos próximos dois a três anos, uma subida de 45% face ao valor atual. 

Esta será uma situação partilhada pelos bancos de praticamente todos os países do "velho continente". Em Espanha, o Santander já emitiu uma nota a avisar de uma possível grande subida nas suas reservas e, na Alemanha, o Deutsche Bank terá um problema acrescido, uma vez que se encontra a meio de uma reestruturação interna. Em França, os bancos esperam conseguir gerir este aumento de imparidades de forma pouco agressiva. 

A única exceção poderá ser a Suíça, depois de o UBS e do Credit Suisse terem indicado que os seus lucros irão subir no primeiro trimestre deste ano. 


Os reguladores europeus têm dito que serão mais benévolos para com os bancos da região na aplicação de medidas que compensem as perdas esperadas com incumprimentos, mas pedem que sejam realistas quanto ao efeito que a pandemia vai provocar nas suas operações. Um lucro muito abaixo do divulgado pelas congéneres norte-americanas significa que a margem de manobra que se vai seguir à crise será também ela muito menor. 

E a vulnerabilidade dos bancos europeus ao impacto da pandemia já foi destacada esta semana pela agência de "rating" Fitch, que reviu em baixa as suas perspetivas para 116 bancos da região, sendo que a maioria delas passou para território negativo. 
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