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Banco de Moçambique injectou mais de 100 milhões no Moza para evitar "terramoto"

O Banco de Moçambique injectou cerca de oito mil milhões de meticais (104 milhões de euros) no Moza Banco, para travar um colapso e evitar "um terramoto" no sistema financeiro moçambicano, disse o governador do órgão supervisor.

16º - Moçambique - PIB cresce 6% em 2016
Bloomberg / Reuters / Getty Images
14 de Dezembro de 2016 às 22:27
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"Se tivesse parado [de capitalizar o Moza Banco], teríamos um terramoto, um ´tsunami`, porque o banco penetra as empresas, as famílias, e haveria uma corrida sem precedentes dos depositantes e dos credores", declarou Rogério Zandamela, em conferência de imprensa, após a reunião hoje do Comité de Politica Monetária do Banco de Moçambique.

 

Segundo Zandamela, desde a intervenção do Banco de Moçambique, em Setembro, os valores injectados na quarta maior instituição bancária moçambicana (participada pelo português Novo Banco) deverão ser ressarcidos, logo que a instituição seja vendida ou recapitalizada.

 

"Esta intervenção pontual foi um bem público para dar tranquilidade ao sistema, teria um custo de dimensões incalculáveis. É assustador quando uma instituição dessas cai na falência", disse Rogério Zandamela.

 

O Banco de Moçambique anunciou em Setembro passado ter suspensido o conselho de administração e a comissão executiva do Moza Banco para "proteger os interesses dos depositantes".

 

"A situação financeira e prudencial do Moza Banco tem vindo a degradar-se de forma insustentável", o que tornou necessário "reforçar as medidas extraordinárias de saneamento", previstas na lei, para "proteger os interesses dos depositantes e outros credores", salvaguardando "as condições normais de funcionamento do sistema bancário", declarou na ocasião o banco central.

 

No início do mês, o Banco de Moçambique anunciou que vai indicar uma comissão de avaliação e marcar uma assembleia-geral, com vista à recapitalização ou venda do Moza, após a apresentação de um relatório da consultora KPMG.

 

Nesta fase, disse então Alberto Bila, administrador do Banco de Moçambique, "seria prematuro" avançar se o Moza está mais perto da venda ou da recapitalização pelos actuais acionistas.

 

Em declarações hoje aos jornalistas, à margem do lançamento de um livro sobre pequenas e médias empresas em Moçambique, João Figueiredo, nomeado pelo Banco de Moçambique para dirigir o Moza Banco, afirmou que a auditoria está na fase final.

 

"Neste estudo, vamos apurar quais são os ajustamentos às contas e as demostrações financeiras do banco e depois disso iremos determinar qual é o aumento de capital que vai trazer a tranquilidade desejada", afirmou Figueiredo, sem sinalizar se a decisão aponta para a venda ou recapitalização.

 

Fundado em 2008, o Moza é detido em 50,9% pela Moçambique Capitais e em 49% pelo português Novo Banco.

 

Dois meses após a intervenção no Moza, o supervisor bancário liquidou o Nosso Banco, detido pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), e accionou o fundo de garantia de depósitos, que prevê um reembolso de apenas 20 mil meticais (240 euros) para os depositantes singulares, excluindo as empresas.

 

Apesar de ser uma entidade de fraca expressão, a falência do Nosso Banco lançou uma vaga de alarme, levando o banco central a afastar "motivos para pânico" e a assegurar que o sistema financeiro está sólido, com uma média de rácios de solvabilidade de 14%, muito acima dos 8% exigidos pelo órgão supervisor.

 

Ao contrário do Nosso Banco, que mantinha apenas pouco mais de cinco mil depositantes particulares e 900 empresas e uma quota de activos de 1% do sistema bancário, o Moza possui mais de 93 mil clientes particulares e oito mil empresas e uma quota de 7,71%, sendo o quarto maior banco moçambicano, com 48 agências em praticamente todo o país.

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