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Associados do Montepio chamados a votar contas de 2015 e 2016 a 30 de Março
São mais de 632 mil os associados da mutualista mas só os que estão inscritos há dois anos podem votar na assembleia de 30 de Março, que deliberará sobre as contas consolidadas de 2015 e as individuais de 2016.
Os associados do Montepio estão convocados para votar as contas da associação mutualista dentro de duas semanas. A 30 de Março, realiza-se a assembleia-geral em que serão deliberadas as contas consolidadas de 2015 do grupo e as contas individuais de 2016 da associação mutualista.
A associação mutualista do Montepio, cuja administração é liderada por António Tomás Correia (na foto), é a cabeça do grupo, de onde saem depois as suas participadas, de que a caixa económica com o mesmo nome é o principal activo, juntamente com a área seguradora, em que se destaca a Lusitânia.
As contas consolidadas de 2015
A deliberação sobre o relatório e contas consolidadas de 2015, que ainda não foi divulgado publicamente, é o primeiro ponto da ordem de trabalhos da assembleia, que tem Vítor Melícias (na foto, ao lado de Tomás Correia) como presidente da mesa. Este é o documento noticiado esta terça-feira pelo jornal Público, que teve acesso à apreciação da KPMG onde se sublinha a existência de capitais próprios negativos de 107 milhões de euros no grupo (ou seja, o passivo é 107 milhões superior ao activo). Estas contas consolidadas abarcam a situação patrimonial da mutualista mas também de todas as participadas. E nesse ano a caixa teve prejuízos de 243 milhões, por exemplo.
Segundo explicou o presidente da mutualista na conferência de imprensa que agendou na terça-feira para reagir à notícia do Público, a existência de capitais próprios negativos, a nível consolidado, não coloca em causa a falência, palavra, aliás, que o "chocou" ouvir. António Tomás Correia diz que só as contas individuais da mutualista interessam. Por serem individuais, nessas contas só estão as responsabilidades e o património da associação, não incorporando os capitais próprios das restantes participadas. A nível individual, os capitais próprios da mutualista estavam em 207 milhões de euros positivos em 2015, mesmo assim, mais de três vezes abaixo do que se verificava no ano anterior.
As contas individuais de 2016
Já em 2016, a associação mutualista apresentou capitais próprios positivos, mas inferiores, na ordem dos 188 milhões de euros. Nesse período, o resultado líquido do exercício da mutualista, foi de 7,4 milhões de euros positivos.
A deliberação sobre o relatório e contas individuais referente ao ano passado é o segundo ponto a ser discutido na assembleia-geral de dia 30 de Março. É individual porque não inclui a situação das restantes participadas. Aliás, as contas consolidadas relativas a 2016 só deverão ser conhecidas no final de 2017 ou, seguindo o padrão deste ano, em 2018. António Tomás Correia admite que, na base consolidada, o passivo ainda continuará a ser superior ao activo, isto é, os capitais próprios continuarão ainda a ser negativos. Isto porque a caixa económica continua a apresentar prejuízos.
Os relatórios e contas não foram ainda disponibilizados no site oficial da mutualista – sê-lo-ão, à partida, esta quarta-feira –, pelo que só aí será possível perceber qual a proposta de aplicação de resultados da mutualista (se o lucro individual será reencaminhado para reservas, por exemplo), que é o terceiro ponto da assembleia-geral.
Apreciar os relatórios da actividade do conselho geral e da comissão de vencimentos no exercício de 2016 também está na agenda. O conselho geral do Montepio é composto por todos os órgãos sociais (administração, mesa da assembleia e conselho fiscal) e por associados, com mais um representante do que aqueles órgãos sociais.
Contaminação?
As contas consolidadas agrupam todo o grupo mas, como referido, Tomás Correia defende que as mesmas não fazem sentido para aferir a situação da mutualista. O líder da associação, que foi até 2015 também líder da caixa económica, defende que, apesar de a sua exposição às restantes empresas do grupo ser elevada, "não há contaminação".
Pese embora isso, o Banco de Portugal tem empreendido diversas acções para afastar a gestão da mutualista da liderança da caixa económica. Foi por essa razão, aliás, que Tomás Correia abandonou a presidência da caixa em 2015, sendo substituído por Félix Morgado. E é por isso, igualmente, que, em entrevista ao Negócios, o presidente da caixa económica diz que o nome da instituição irá mudar.