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Associação de lesados do BES vai avançar com acção judicial contra Banco de Portugal

A associação de lesados do BES ABESD anunciou hoje que vai interpor acções judiciais contra o Banco de Portugal, afirmando que este teve informação que lhe permitia actuar mais cedo no caso BES, assim como acções contra outras entidades.

Sara Matos
04 de Março de 2017 às 14:07
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Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD), Luís Janeiro, adiantou que a associação vai processar "brevemente" o Banco de Portugal, mas não só, também outras entidades públicas, entre elas poderes políticos, e privadas, nomeadamente bancos e consultoras.

 

Mas o foco da associação, que representa cerca de 120 lesados nacionais e emigrantes do Banco Espírito Santo (BES)/Grupo Espírito Santo (GES), recai principalmente sobre o Banco de Portugal, destacando que os "novos factos" divulgados esta semana pela reportagem da SIC Assalto ao Castelo mostram que "os clientes dos balcões nacionais do BES e das sucursais financeiras exteriores do banco foram manipulados e enganados aquando das suas aplicações" ('misselling').

 

"O Banco de Portugal estava consciente da situação real do BES e da forma como estava a ser feito o financiamento do grupo financeiro e não atuou em devido tempo, permitindo que os clientes assumissem um risco que desconheciam que resultou na perda das suas poupanças", lê-se ainda num comunicado que a associação também divulgou hoje.

 

Luís Janeiro sublinhou que "o Banco de Portugal é o eixo central e o núcleo deste problema" e lembrou que nos últimos meses antes do colapso do banco vários foram ainda os associados da ABESD que investiram em papel comercial e viram as suas poupanças serem aplicadas em instituições falidas e com contas falsificadas, "sob o aval de aceitação" do regulador bancário.

 

"Eu represento aforradores. O governador do Banco de Portugal tinha todos os poderes, de acordo com a lei, para ter afastado o Dr. Ricardo Salgado e não o fez com prejuízo efetivo, ao mesmo tempo que dava a instrução à estrutura para vender mais porcaria", disse Luís Janeiro.

A ABESD irá ainda pedir reuniões a todos os grupos parlamentares, ao gabinete do primeiro-ministro e ao Presidente da República, para esclarecer que consequências poderão resultar da nova informação divulgada e "que contradiz as declarações que o governador do Banco de Portugal prestou na comissão de inquérito do caso BES/GES".

 

Na noite de 3 de agosto de 2014, o Banco de Portugal anunciou a aplicação ao BES de uma medida de resolução.

 

A descoberta de fraudes, os prejuízos do BES de 3,6 mil milhões de euros, no primeiro semestre de 2014, os maiores da história da banca em Portugal, e o incumprimento de regras exigidas pelos reguladores e supervisores para operar no setor bancário levaram ao fim da instituição centenária fundada pela família Espírito Santo.

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