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Apollo injecta 22 milhões na Açoreana após absorção de prejuízos

ASF, Ministério das Finanças, Banco de Portugal, Oitante, Apollo, Soil: ninguém revela quais os valores que envolveram a venda da Açoreana. A Tranquilidade, da Apollo, aumenta o capital da Açoreana mas ambas vão manter-se separadas.

Bruno Simão/Negócios
08 de Agosto de 2016 às 17:00
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A Apollo, através da Tranquilidade, fez um aumento de capital de 22,7 milhões de euros na Açoreana. Este é, aliás, o valor actual do capital social da seguradora porque o comprador utilizou o capital anteriormente existente para absorver os prejuízos acumulados: 135,6 milhões de euros era o valor do capital social, usado para a limpar a empresa. A chamada operação harmónio (uma redução de capital seguida de um aumento) faz com que a seguradora que pertencia ao Banif e aos herdeiros de Horácio Roque siga, com o novo accionista, sem perdas herdadas e com capital.

 

"A grande prioridade passa por estabilizar a Açoreana através da injecção de capital para reforçar a sua solidez e retomar o desenvolvimento sustentável do seu negócio. Em função dos crescimentos verificados ao longo do tempo, os níveis de solvência serão sempre os adequados", assinala a Tranquilidade, que pertence ao fundo americano Apollo, ao Negócios. A seguradora tinha fechado 2015 com um capital próprio negativo de 6 milhões de euros.

 

Não é revelado, pela seguradora, o montante da injecção. E os 22,7 milhões não mostram todo o esforço feito pelo comprador, já que não se sabe qual o valor final do acordo de compra e venda. A Açoreana era detida em 52,31% pela Soil SGPS (que tinha dívidas a saldar perante a Caixa Geral de Depósitos e o Santander Totta) e em 47,69% pela Oitante (veículo que herdou os activos do Banif que o Totta não quis).

 

O valor do aumento de capital e da redução não foram revelados pelas empresas envolvidas: são os montantes disponíveis no portal de justiça, publicados na sexta-feira passada. Nenhuma das entidades e autoridades envolvidas quis responder às perguntas do Negócios sobre os números.

 

Um muro de silêncio

 

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões remeteu-se sempre ao silêncio, apesar de ter estado sempre a acompanhar o processo dada a situação deficitária com que a Açoreana ficou após a queda do Banif. O mesmo tinha já acontecido com a Tranquilidade quando foi adquirida, no arranque de 2015.

A Apollo/Tranquilidade não responderam a questões sobre os valores. "Não temos por hábito divulgar ou comentar detalhes de operações financeiras que envolvem ou envolveram outros accionistas. Além de mais, o contrato contém cláusulas de confidencialidade", indica a resposta dada ao Negócios pelo comprador.

 

O Ministério das Finanças, garante último da estabilidade financeira, também não deu resposta ao Negócios. O mesmo aconteceu com o Banco de Portugal, junto do qual funciona o Fundo de Resolução, accionista único do veículo Oitante, que tinha 48% da Açoreana. "Enquadra-se na prossecução do objectivo com que a Oitante foi criada de maximização do valor de venda dos seus activos", é como o veículo, liderado por Miguel Artiaga Barbosa (que foi o representante do Estado no Banif), comentou, em comunicado, a operação de venda. Instada a fazer mais comentários sobre a operação, nomeadamente aos valores da operação, a Oitante não quis comentar. Não foi possível também obter resposta da Soil SGS.

 

Empresas separadas

 

Nesse mesmo comunicado, a Oitante afirmou que a alienação da sua participação, em conjunto com a da accionista maioritária, "visa permitir a capitalização da Açoreana em linha com os requisitos prudenciais aplicáveis, bem como a criação de condições para a sustentabilidade desta entidade e, consequentemente, a preservação de postos de trabalho". A Açoreana terminou o ano passado com 665 trabalhadores.  

 

Já a Tranquilidade defende que as duas empresas têm "estratégias e objectivos específicos" mas que "passam a ter um forte accionista comum", a Apollo. "As marcas das empresas seguradoras são um valor importante que importa salvaguardar e gerir", assinala a companhia. Juntas, sobem ao número dois do ramo não vida, segundo tinha dito já na sexta-feira passada a compradora. 

 

Neste momento, e depois de uma autorização antecipada do regulador dos seguros liderado por José Almaça (na foto), Jan Adriaan de Pooter, que é o líder da Tranquilidade, fica como presidente da administração da Açoreana. 

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