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Aperto na concessão de crédito a empresas na Zona Euro é o maior desde 2011

Mais de um quarto das instituições reportam critérios mais apertados na concessão de empréstimos a empresas, avança o Banco Central Europeu. Portugal segue a tendência, diz o Banco de Portugal.

Mantêm-se as dúvidas sobre os retornos em 2023, mas o mercado concorda que os investimentos terão de adaptar-se a juros elevados mais tempo.
Wolfgang Rattay/Reuters
02 de Maio de 2023 às 13:43
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Os bancos da Zona Euro "apertaram substancialmente" os critérios de concessão de crédito a empresas no primeiro trimestre do ano, avança o Banco Central Europeu (BCE).

O supervisor avança, nas conclusões do inquérito trimestral às instituições financeiras, que a percentagem de bancos que reportam "standards" mais restritivos foi de 27%, o mesmo valor registado no trimestre anterior. O resultado, diz o BCE, aponta para "um enfraquecimento persistente da dinâmica do crédito".

A instituição liderada por Christine Lagarde diz mesmo que no conjunto dos últimos seis meses, o aperto nos empréstimos é o maior desde a crise da dívida soberana de 2011, quando no último trimestre desse ano, 35% dos bancos reportaram uma evolução no mesmo sentido.

Por outro lado, o BCE reporta que a procura por crédito por parte das empresas caiu 38% no primeiro trimestre do ano, valor que se seguiu a uma queda de 12% nos três meses anteriores. É o maior declínio desde 2008, escreve o supervisor europeu. Para o resultado contribuíram a descida da procura de empréstimos por parte de PME (menos 37%) e de grandes empresas (menos 31%).

O crédito hipotecário vai no mesmo sentido: 19% dos bancos da zona euro reportam um "aperto adicional" no primeiro trimestre, continuando uma tendência que já vinha dos três meses anteriores (quando o valor era de 21%). No crédito ao consumo houve um aligeiramento (10% neste trimestre face a 17% verificados entre outubro e dezembro de 2022).

Portugal segue a tendência, mostram dados publicados também hoje pelo Banco de Portugal (BdP). A instituição liderada por Mário Centeno conclui no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito que as instituições admitem que os critérios de concessão de crédito são agora "ligeiramente mais restritivos, de forma transversal, por dimensão de empresa e em especial em empréstimos de longo prazo", apontando como fatores para esta evolução "a perceção dos riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e, em menor grau, a setores de atividade ou empresas específicos".

O aperto dos critérios verifica-se "em especial" nas PME e reflete-se num "ligeiro aumento dos spreads e da restritividade dos outros termos e condições, sobretudo das garantias exigidas e das condições contratuais não pecuniárias, no caso das PME".

No segmento dos particulares o BdP nota uma "ligeira redução dos spreads em empréstimos para habitação de risco médio, e ligeira redução dos spreads nos empréstimos para consumo e outros fins de risco médio e superior, contrabalançada por um ligeiro aumento das comissões e outros encargos".

Também em Portugal há uma diminuição da procura por crédito, "tanto por parte de PME como de grandes empresas, em especial de empréstimos de longo-prazo". Nos particulares diminuiu a procura de empréstimos hipotecários e também a do crédito ao consumo.
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