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Ana Botín revela como se sentiu ao ser demitida pelo pai

Ana Botín, chairman do Banco Santander, disse que o relacionamento "incrível", mas complicado, com o falecido pai, Emilio, nunca mais foi o mesmo depois de ele a ter demitido para levar uma fusão adiante.

Angel Navarrete/Bloomberg
11 de Janeiro de 2020 às 17:00
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Ana Botín, cuja demissão ganhou destaque em 1999 quando o seu pai era presidente do conselho de administração do Santander, explicou em entrevista ao canal de TV espanhol Cuatro como a sua saída foi necessária para a fusão com o Banco Central Hispano (BCH).

 

O BCH exigiu que a executiva saísse do banco como condição para o acordo, depois de um perfil seu publicado num jornal ter indicado que apenas um Botín poderia chegar ao posto de presidente do conselho de administração.

 

Ana, que foi acusada por um parlamentar de ter mais influência do que políticos eleitos, tem gradualmente aumentado a exposição de seu perfil público desde que assumiu a presidência do "board" do banco espanhol após a morte do pai, em 2014.

 

Como o pai a demitiu

 

"Ele ligou-me num domingo e disse: ‘Olha, o melhor para o banco e para ti é que saias amanhã. Pega nas tuas coisas e vai embora porque, caso contrário, não há fusão’".

 

"Acho que ele fez o que precisava ser feito. A forma como o fez é que me afetou muito. Irei sempre lembrar-me das frases que usou naquele momento".

 

"Do ponto de vista da família, o relacionamento com o meu pai sempre foi incrível", acrescentou. No entanto, depois de a ter demitido, "o relacionamento familiar continuou a ser muito bom, mas já não era o mesmo".

 

Relacionamento com o pai

 

"Se me perguntar quem tem sido a maior influência na minha vida, tem sido a minha mãe – mais do que o meu pai. Ela educou-nos de uma maneira muito avançada para a época".

 

"O relacionamento com o meu pai, como pai, era muito bom. Como chefe, tinha altos e baixos". "O meu pai nunca me disse: vem trabalhar no Santander".

 

Retorno ao Santander

 

"Fiquei fora do banco durante três anos. Lancei um fundo de investimento e duas fundações, tudo por minha conta, sem dinheiro do banco, do meu pai ou da família. Em termos económicos, em três anos ganhei mais do que tinha ganho nos dez anos anteriores."

 

"O meu pai telefonou-me numa segunda-feira", disse Ana. E foi para lhe oferecer o cargo de presidente do Banesto. "Eu disse-lhe: ‘quanto tempo me dá para responder?’ Ele respondeu: ‘Quanto tempo? Agora mesmo’".

 

Presidente do conselho de administração

 

"Algumas pessoas da equipa anterior permaneceram, mas não muitas. Estávamos numa nova etapa e isso exigia uma equipa renovada, e fizemo-lo rapidamente. Algo que aprendi foi que quanto mais depressa mudarmos as coisas, melhor".

 

Ser mulher em finanças

 

"Há duas semanas, estava em Paris numa reunião dos 100 maiores bancos do mundo. Sabe quantas mulheres havia? Três. Defendo a diversidade de todos os tipos, e não estamos nem perto de alcançar a diversidade de género nos níveis de topo das finanças e das empresas".

 

"O que mais me deixava com raiva eram as reuniões em que o meu chefe, que era o meu pai, me dizia para me calar. Aprendi a falar com mais convicção".

 

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