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Carlos Tavares admite interesse na TAP
Carlos Tavares, que recentemente anunciou a sua saída da liderança de um dos maiores grupos fabricantes de automóveis do mundo, revela que faltou alinhamento estratégico. E admite agora vir a ser acionista da TAP.
A Stellantis ficou sem CEO a 1 de dezembro. Carlos Tavares deixou a liderança da fabricante de automóveis com "efeitos imediatos" naquela que, revela agora, foi uma decisão tomada no sentido de proteger o grupo. Não fala num "bater de porta", mas antes na falta de alinhamento. E "uma empresa que se pode gerir com falta de alinhamento" estratégico. Quanto ao futuro, uma hipótese que não descarta é a TAP, desta feita como acionista, já que não se vê com nenhum cargo executivo na transportadora.
Em entrevista ao Expresso, a primeira desde a saída da Stellantis, Tavares diz que não há qualquer decisão tomada quanto à TAP, mas que tem sido abordado por "um número muito importante de amigos" no sentido de saberem se deseja envolver-se na privatização. "Tem de se refletir no interesse estratégico", aponta, e "tem de se considerar que tem de se reembolsar o Estado português e os cidadãos portugueses pela ajuda [€3,2 mil milhões] que foi atribuída durante a pandemia. É uma questão de solidariedade".
Além disso, sublinha, "se partimos do princípio de que a TAP é uma ferramenta estratégica do desenvolvimento do turismo em Portugal, no contexto de um segundo aeroporto em Lisboa, temos de ter o controlo dessa ferramenta, que é essencial para o nosso país, e fazer com que não seja vendida a uma companhia de um país que é concorrente turístico de Portugal. Isso vai desencadear riscos".
No que toca à sua saída da liderança da Stellantis, Tavares garante que "foi uma decisão comum". "Chegámos naturalmente a essa conclusão", acrescentou aquele que foi, nos últimos anos, o responsável máximo por um grupo com 15 marcas de automóveis.
"Achámos que essas discussões, que mostravam uma diferença de ponto vista, tinham como conclusão o facto de cada um de nós ir tomar conta da sua vida para não criar um risco de desalinhamento dentro da governação da empresa", refere o gestor.
Acrescenta que "uma empresa que tem 250 mil empregados, uma receita de 190 mil milhões de euros, 15 marcas que vende no mundo inteiro, não é uma empresa que se pode gerir com falta de alinhamento". É que "qualquer falta de alinhamento tem imediatamente uma consequência sobre a gestão estratégica da empresa", remata.
Ex-CEO da Stellantis
Carlos Tavares diz que "era melhor tirar essa conclusão", a de sair da liderança da Stellantis. E acrescenta que sentiu que este era o melhor momento para a empresa já que a decisão "chegou a um ano da reforma - que eu tinha anunciado em outubro -, que não criaria qualquer tipo de problema" para a Stellantis.
"Foi uma decisão que tomámos com o presidente do Conselho de Administração, John Elkann, com quem as relações foram sempre amigáveis e extremamente pessoal", referiu. E rematou: "A nossa preocupação mais importante é proteger a Stellantis" porque "eu faço parte daqueles que criaram a Stellantis, com o John Elkann, portanto, criámos a Stellantis".