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Fabricantes de componentes automóveis estimam quebra de 3,5 mil milhões este ano
Os fabricantes portugueses de componentes para automóveis estimam uma quebra de 3,5 mil milhões de euros no volume de negócios este ano, o que corresponde a uma descida de 30%, devido ao impacto da covid-19. E admitem que este cenário "até poderá ser otimista".
As empresas portuguesas fabricantes de componentes para automóveis estimam que a faturação do setor este ano sofra uma quebra de 3,5 mil milhões de euros, o que equivale a 30%, devido à pandemia da covid-19.
Em comunicado divulgado esta terça-feira, a AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel refere que as primeiras projeções "indicam quebras abruptas na atividade de 50% neste mês de março".
Mas para abril e maio o cenário é bem mais negro: as previsões da associação apontam para uma diminuição na ordem dos 90%.
E, acrescenta a AFIA, "só a partir de novembro a indústria portuguesa de componentes para o automóvel começará a recuperar". Assim, "para a totalidade do ano de 2020 é projetada uma descida de 30% no volume de negócios, o que se traduz, numa diminuição de 3,5 mil milhões de euros face aos valores registados no ano passado", sublinha.
Ao Negócios, o secretário-geral da AFIA, Adão Ferreira, admite que estas projeções "até poderão ser otimistas". "Tudo vai depender da duração do encerramento das fábricas das construtoras automóveis e também da retoma da confiança dos consumidores para voltarem a comprar veículos", refere.
E outro aspeto bastante importante será a retoma do turismo, "uma vez que o segmento do rent-a-car tem um peso significativo nas vendas dos produtores automóveis".
Confirmando-se as projeções da AFIA, "este será o pior ano para o setor desde 2015", indica Adão Ferreira.
A AFIA lembra que o setor contribui com 6% do PIB, 8% do emprego na indústria transformadora e 16% das exportações de bens transacionáveis. No ano passado, recorda, o volume de negócios cifrou-se em 12 mil milhões de euros, valor que deverá encolher este ano para 8,5 mil milhões.
Nesse sentido, a associação apela ao Governo que adote medidas "urgentes, flexíveis e eficazes".
Entre as reivindicações contam-se a criação de uma linha de crédito específica para as empresas deste setor, a alteração do regime de lay-off, "de modo a permitir o acesso imediato a este regime para as empresas que tenham tido uma quebra de faturação superior a 40% nos últimos trinta dias, mas medidos depois do final do período pedido para o lay-off e comparando com a média mensal dos últimos 2 meses anteriores a esse mesmo período, devendo resultar claro deste regime a possibilidade de lay-off parcial e, ainda, pela alteração do regime de férias de modo a permitir, desde já, a sua marcação".
Por último, a AFIA requer ainda a "criação de medidas de proteção dos postos de trabalho", lembrando que o setor emprega diretamente cerca de 59 mil trabalhadores.