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Ex-presidente da VW nega responsabilidades no escândalo Dieselgate

"Não exigi, não promovi nem tolerei", afirmou Martin Winterkorn em tribunal, assegurando que só tomou conhecimento dos problemas com os motores a gasóleo nos EUA "tardiamente e de forma incompleta".

Reuters
14 de Fevereiro de 2024 às 17:49
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Oito anos depois de ter sido conhecido o escândalo da manipulação dos motores a gasóleo na Volkswagen (VW) para os tornar aparentemente menos poluentes, os antigos executivos do grupo continuam a afirmar que não sabiam de nada.

O antigo presidente do conselho de administração da VW, Martin Winterkorn, testemunhou num processo civil esta quarta-feira, negando em tribunal qualquer responsabilidade pelos dispositivos instalados em milhões de veículos para manipular a emissão de óxidos de azoto nocivos dos motores quando estes estavam a ser verificados nas oficinas, mas que eram desativados na estrada, de forma a parecerem se menos poluentes e cumprirem os regulamentos sobre emissões dos EUA.

"Não exigi nem promovi esta caraterística, nem tolerei a sua utilização", defendeu-se em tribunal numa breve declaração, citada pelo jornal espanhol Cinco Dias, em que explicou ainda que tomou conhecimento "tardiamente e de forma incompleta dos problemas com os motores a gasóleo nos EUA".

Winterkorn seguiu assim a linha de defesa a que quase todos os gestores de topo da VW se mantiveram fiéis até agora e segundo a qual os empregados de nível inferior eram responsáveis pela manipulação do software do motor, de que os gestores alegadamente nunca tiveram conhecimento.

Há anos que a justiça alemã tenta provar o contrário, salienta a publicação, recordando que em junho de 2023 o antigo diretor da Audi, filial da VW, foi condenado a uma pena de prisão preventiva e a uma multa multimilionária e que está ainda pendente em Brunswick um processo penal contra o próprio Winterkorn por manipulação de emissões e fraude de mercado.

"Creio que estas acusações são incorretas", declarou o ex-presidente da Volkswagen esta quarta-feira sobre as duas acusações pendentes contra ele, segundo o Cinco Dias.

De acordo com o jornal, desde a sua demissão da VW em setembro de 2015, quando o escândalo foi tornado público, Winterkorn tem vivido em reclusão na sua casa num elegante subúrbio de Munique, razão pela qual o seu depoimento, aos 76 anos, no julgamento no Tribunal Regional Superior de Brunswick tem centrado as atenções.


Como adianta, está previsto que seja interrogado em quatro datas diferentes sobre factos que remontam a 2007, ano em que assumiu a direção do grupo automóvel.

O processo centra-se principalmente na questão de saber se a direção da VW e o seu principal acionista, a Porsche SE, informaram demasiado tarde os investidores sobre a dimensão do escândalo, que os levou a perder milhares de milhões de euros em bolsa.

 

Os investidores lutam há cinco anos por uma indemnização, sendo o principal queixoso a sociedade gestora de fundos Deka Investment.

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