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Autoeuropa passa ao lado da crise do grupo Volkswagen

A perspectiva de produzir um novo modelo a partir de 2017 e a concretização do investimento anunciado de 677 milhões de euros, na nova plataforma multimodal na unidade de Palmela, permitiram à Autoeuropa passar ao lado da crise do grupo Volkswagen.

Bruno Simão
17 de Setembro de 2016 às 11:59
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Apesar da crise desencadeada com a denúncia de fraude, após a realização de testes que revelaram a existência de um dispositivo que fazia a manipulação de emissões poluentes em veículos produzidos pelo grupo alemão, a Volkswagen manteve o investimento previamente anunciado para a fábrica de Palmela, para instalação da nova plataforma que permitirá a produção de vários tipos de veículos.

 

Por outro lado, a Volkswagen pretende iniciar a produção de um novo veículo na Autoeuropa, a partir de agosto de 2017, mantendo a aposta na fábrica de Palmela.

 

Enquanto não arranca a produção do novo modelo, a Autoeuropa vai continuar a produzir os veículos Volkswagen Sharan, Seat Alhambra e Scirocco, mas a empresa admite que poderá haver uma quebra de produção até 19%, face ao número de veículos produzidos o ano passado.

 

No entanto, o clima de paz social, que sempre tem caraterizado as relações entre a administração e os trabalhadores da Autoeuropa, permitiu, uma vez mais, minimizar o impacto da previsível quebra anunciada para este ano com a implementação de um modelo de gestão adequado ao volume de produção.

 

Segundo fonte oficial da empresa, o acordo entre a administração e a Comissão de Trabalhadores permitiu reduzir o período de laboração da fábrica, de dois para apenas um turno diário - medida que está a funcionar já este mês - bem como a colocação temporária de cerca de 250 trabalhadores numa outra unidade fabril da Volkswagen, em Osnabruck, na Alemanha.

 

Com estas medidas, a Autoeuropa manteve todo o efetivo da fábrica de Palmela até ao início de produção do novo modelo, sendo praticamente certo que, nessa altura, a empresa vai precisar de contratar novos trabalhadores.

 

O momento atual da fábrica de Palmela é considerado como de transição para o crescimento previsto para meados de 2017, com a produção do novo modelo.

  

Um ano depois a Volkswagen resiste à maior crise mas não está livre de perigo

 

Um ano depois de rebentar o escândalo da manipulação de emissões poluentes pela Volkswagen, o grupo automóvel perdeu valor na bolsa e quota no mercado, mas está a resistir à crise que ainda está longe de terminar.

 

Na véspera da fraude ter sido denunciada, a 18 de setembro de 2015, as ações da Volkswagen negociavam a 169,65 euros na Bolsa de Frankfurt (Alemanha), iniciando uma queda sem recuperação, tendo atingido o mínimo histórico duas semanas depois, a 02 de outubro, ao negociar nos 92,36 euros.

 

Passado um ano, na sessão de 15 de setembro, os títulos do grupo automóvel fecharam a valer 122,40 euros, menos 28% do que o valor pelo qual se transacionavam antes de ter admitido manipular as emissões de óxido de azoto em 11 milhões de carros em todo o mundo.

 

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o valor de mercado da Volkswagen caiu 29 mil milhões de euros desde então, mas ainda assim o grupo - na pessoa do novo presidente executivo Matthias Mueller (após a demissão de Martin Winterkorn) - demonstrou "uma resiliência surpreendente", estando a fazer novos investimentos.

Apesar de ter feito uma provisão de 18 mil milhões de euros para pagar indemnizações e multas associadas à fraude, a situação financeira do grupo contínua sólida e o primeiro semestre deste ano foi melhor do que todas as expectativas.

 

"Enquanto o escândalo está longe de chegar ao fim, há factos reveladores que a Volkswagen está a resistir à crise", destaca a Bloomberg, explicando que o grupo, dono das marcas Volkswagen, Audi, Seat, Sköda, entre outras, não fez nenhuma alienação do seu vasto portefólio.

 

Em contrapartida, no início deste mês, a Volkswagen anunciou que irá adquirir uma participação de 16,6% na construtora americana de camiões Navistar.

 

A Volkswagen pretende apostar forte nos Estados Unidos, sobretudo no fabrico de SUV's, para ir ao encontro das preferências do mercado, e ajudar a melhorar a imagem da marca onde o escândalo rebentou e fez mais estragos, apesar do número de veículos afectados ser 'apenas' cerca de 600 mil.

 

No último ano, o grupo perdeu quota no mercado europeu pelo 12º mês consecutivo, sendo em grande parte compensado pelo crescimento que está a ter na China.

 

Segundo a associação que representa os fabricantes europeus de automóveis ACEA, o fabricante alemão teve um peso de 26% nas vendas em agosto, em comparação com os 26,8% de um ano antes.

 

No mês de agosto, a indústria automóvel europeia teve um comportamento positivo, com uma subida homóloga de 9,5%, para os 855.466 carros registados, e a Volkswagen fica abaixo deste ritmo de crescimento, com uma subida de 6,3%.

 

Apesar de estar a resistir, o grupo ainda não está fora de perigo, uma vez que tem pela frente centenas de processos judiciais, que podem causar mais danos na reputação da marca, que garante que apenas alguns técnicos estavam envolvidos na manipulação dos motores a gasóleo, sem conhecimento da gestão de topo.

 

Em todo o mundo, cerca de 11 milhões de veículos foram afetados pela fraude cometida pelo grupo Volkswagen, dos quais oito milhões na Europa (em Portugal são 125.491 veículos).

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