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Autoeuropa pode ser obrigada a parar produção por mais tempo
A Autoeuropa poderá suspender a produção durante 20 dias, mais do que o anteriormente previsto, e já a partir da próxima segunda-feira, 17 de Dezembro, apurou o Negócios.
A Autoeuropa poderá suspender a produção durante 20 dias, em vez dos 11 dias previstos para Dezembro e início de Janeiro, e já a partir da próxima segunda-feira, 17 de Dezembro, sabe o Negócios.
A empresa já iniciou a notificação aos diversos fornecedores para que cessem as entregas de componentes. Contactada pelo Negócios, fonte oficial da Autoeuropa escusou-se a comentar o assunto. Já estava prevista uma paragem de produção, por outros motivos, que deveria começar no dia 22 de Dezembro. Ao que o Negócios apurou, a paragem da produção poderá agora ser antecipada para dia 17 de Dezembro e prolongar-se por mais tempo.
Em causa estão as dificuldades de escoamento da produção da fábrica, que se cifra em cerca de 895 veículos por dia, desde o início da paralisação dos estivadores precários no porto de Setúbal, que já dura desde 5 de Novembro.
No início do mês, fonte oficial da Autoeuropa indicou ao Negócios que a produção seria suspensa por oito dias em Dezembro, aos quais se somariam os dias 2 e 3 de Janeiro. O motivo invocado para essa paragem era a falta de motores decorrente dos problemas no fornecimento de componentes enfrentados pelas fábricas dos motores da Volkswagen, situadas na Polónia e na Alemanha. Estes problemas, referiu então a fonte, já afectaram diversas fábricas do grupo na Europa.
A Autoeuropa conta actualmente com aproximadamente 22 mil viaturas parqueadas, referiu esta quinta-feira ao Negócios o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa, Fausto Dionísio. Os veículos estão estacionados nas instalações da fábrica, no cais do porto de Setúbal e na base aérea nº 6, no Montijo.
O dirigente da CT referiu que "a fábrica continua a funcionar neste momento", admitindo que a administração da empresa já alertou os trabalhadores para o risco de ser forçada a suspender a produção, mas sem adiantar datas.
A empresa começou a escoar parte da produção através dos portos de Leixões, Vigo e Santander, mas as quantidades são insuficientes para libertar espaço para os novos veículos produzidos.
Recentemente, em entrevista à Antena 1 e ao Negócios, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, referiu que a Autoeuropa poderia utilizar o porto de Sines, sendo apenas necessárias intervenções ao nível de colocação de filtros, para proteger as viaturas das partículas de carvão, e de substituição do pavimento, que é em gravilha.
No entanto, a posição da Autoeuropa tem sido de que não existe uma alternativa sustentável ao porto de Setúbal.
Descontentamento na Alemanha
Na quarta-feira à noite, a RTP avançou que a situação no porto de Setúbal está a deixar bastante "descontente" a administração do grupo Volkswagen, indicando que o CEO do grupo, Herbert Deiss, iria reunir-se esta quinta-feira, em Bruxelas, com o primeiro-ministro português, António Costa.
Segundo a estação pública, o líder do fabricante automóvel pretende garantias do Governo de que a situação no porto de Setúbal regresse à normalidade rapidamente e que, se tal não acontecer, o fornecimento de motores será desviado da Autoeuropa, que tem sido prioritária devido à elevada procura do modelo T-Roc, para a fábrica de Navarra, em Espanha.