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ViniPortugal pressiona Governo a levantar limite de 1% para plantação de vinha
Frederico Falcão diz que o valor máximo previsto no regime de autorizações é “insuficiente para acompanhar o abandono” das vinhas devido à pandemia. As exportações de vinho sobem em 2020, mas os produtores estão a sacrificar o preço.
O presidente da ViniPortugal antecipa que a pandemia de covid-19 vai provocar "seguramente mais abandono das vinhas" e que haverá também "mais empresas a abandonar a atividade", sublinhando que o setor já está a sentir uma "forte pressão sobre o preço dos vinhos".
No discurso de abertura do Fórum Anual Vinhos de Portugal, Frederico Falcão dramatizou que "a área de produção no país vai-se reduzir" devido à atual crise e, dirigindo-se diretamente à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, pediu o levantamento das limitações previstas no regime de autorizações de plantação de vinha, que entrou em vigor em 2016.
"O atual 1% de autorizações [para plantação de vinha] é insuficiente para acompanhar este abandono. O setor deve aumentar a percentagem máxima autorizada, aproveitando a revisão do sistema que deverá ocorrer em 2022 ou 2023", reclamou o ex-CEO da Bacalhôa, que liderou o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) entre 2012 e 2018.
A lei em vigor prevê que anualmente são disponibilizadas a nível nacional autorizações de novas plantações até 1% da superfície plantada com vinha (área medida a 31 de Julho do ano anterior), sendo que pode até ser aplicada uma percentagem inferior ou limitada a emissão a nível regional. As autorizações são intransmissíveis e válidas por um período de três anos, podendo os produtores ser sujeitos a sanções administrativas se não forem utilizada durante esse período.
Vender mais caro e com bandeira nacional
Lembrando que 75% do setor é constituído por microempresas, Frederico Falcão apontou ao maior envolvimento destes operadores nas ações de promoção que vão ser realizadas a nível internacional durante o próximo ano. Abaixo do valor que antecipou em outubro numa entrevista ao Negócios e à Antena 1, o orçamento promocional para 2021 ascende a 7,15 milhões de euros.
O plano apresentado esta quarta-feira, 25 de novembro, abrange um total de 21 mercados, sendo 13 deles países terceiros que ficam com uma fatia de 71% dos gastos previstos. Estados Unidos, Canadá, Brasil e China concentram 52% do investimento total em iniciativas de promoção. Bélgica, Ucrânia e México entram no grupo de destinos-alvo no próximo ano.
"É um plano de promoção ambicioso. Temos de estar mais próximos dos mercados e iniciar presença noutros em que temos alto potencial de crescimento. Temos de abrir mais mercados e ajudar o setor neste momento difícil. Até setembro de 2020 exportámos mais, mas exportámos pior [quebra de 1,3% no preço médio]. E temos de contrariar essa tendência, valorizando mais os nossos produtos e assegurando a sustentabilidade económica do setor", resumiu o responsável.
Embora Portugal tenha hoje em dia "um reconhecimento internacional como nunca teve", o gestor que em maio sucedeu a Jorge Monteiro defende a promoção da marca Portugal, tal como é feito por outros países. "Se os chilenos ostentam o ‘proudly produced in Chile’, temos também de promover e não esconder a nossa marca Portugal", acrescentou.
Nos primeiros nove meses deste ano, "apesar da enorme crise no comércio internacional", as exportações dos vinhos portugueses cresceram 2,4% em valor e 3,8% em volume, caminhando para um novo valor recorde nas vendas ao exterior. Os mercados com melhor comportamento foram Brasil, Suécia, EUA e Suíça, enquanto as maiores perdas até setembro foram registadas em Angola, China e França.
"Este comportamento é bem evidente do reconhecimento internacional que os nossos vinhos vão conquistando, sendo já considerados um valor seguro em vários mercados. O trabalho bem feito nos últimos anos está a dar os seus frutos", concluiu Frederico Falcão, sustentando que Portugal regista taxas de crescimento superiores à dos concorrentes diretos nos principais destinos em que opera.