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Brasil lidera aumento nas compras de vinho português em 2020

As exportações de vinho aumentaram 3,2% em valor e 5,3% em volume durante o ano passado, ascendendo a um novo máximo de 846 milhões de euros. São os franceses que bebem mais, mas os canadianos que pagam melhor.

Rui Gregório
12 de Fevereiro de 2021 às 18:30
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Os brasileiros compraram mais 68 milhões de euros de vinho português em 2020, sendo os consumidores que mais aumentaram as encomendas aos produtores nacionais em volume (26,5%) e também em valor (23,5%), em comparação com o ano anterior.

 

No lista dos cinco melhores mercados externos, a única alteração de posição aconteceu precisamente na quinta posição. Segundo os dados do INE, o Canadá (50 milhões de euros) trocou de posição com a Alemanha (47,5 milhões de euros) e fechou o ano passado com o melhor preço médio: 3,64 euros por litro.

 

Mas se ninguém paga tanto pelo vinho português como os canadianos, os franceses seguem isolados como os maiores consumidores (110,5 milhões de euros), apesar de terem reduzido 2% o volume. É agora a única representante da União Europeia, depois da saída do Reino Unido, que continua a ser o terceiro melhor cliente para este setor (90 milhões de euros).

 

Falta referir apenas o mercado dos EUA, o segundo que mais contribuiu para as receitas do setor (92 milhões de euros), em resultado de um crescimento maior em volume (13,5%) do que em valor (3,1%). Liderou assim o grupo de países extracomunitários que compensaram a quebra de 11,1% registada no conjunto da União Europeia.

 
Contas feitas, as exportações de vinho cresceram 5,3%, para 846 milhões de euros. Na semana passada, durante a emissão online em que foram anunciados os prémios "Os Melhores do Ano 2020" da Revista dos Vinhos, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, já tinha antecipado este novo recorde de vendas no estrangeiro, frisando que estes valores "permitem ao Governo manter a meta dos 1.000 milhões de euros de exportações até 2023".

 

Produtores só usaram 60% dos apoios

 

O Governo disponibilizou um pacote de medidas de apoio ao setor dos vinhos no valor de 18 milhões de euros, dos quais 12 milhões destinados à chamada destilação de crise e os restantes seis milhões ao serviço do armazenamento. No entanto, só 11 milhões de euros acabaram por chegar aos bolsos dos produtores portugueses, correspondentes a 382 candidaturas aprovadas.

 

Apesar de quase 40% do dinheiro orçamentado em julho pelo Ministério da Agricultura ter ficado na gaveta, a ministra Maria do Céu Antunes já veio reclamar que estes resultados nas exportações refletem "o bom desempenho do setor, a sua capacidade de resiliência e de adaptação, mas também as medidas que a todo o tempo o Governo apresentou, em 2020, no sentido de dar respostas que ajudassem a minimizar os efeitos" da pandemia de covid-19.

 

Estes resultados positivos refletem também as medidas que o Governo apresentou [para] minimizar os efeitos desta crise provocada pela pandemia. Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura

 

"O Ministério teve um papel ativo e agiu rapidamente, criando previsibilidade aos viticultores e às empresas do setor e [minimizando] a perda de rendimento", propagandeou ainda a tutela, num comunicado enviado às redações esta sexta-feira, 12 de fevereiro.

 

Na destilação de crise, estavam em causa 0,60 euros/litro para os vinhos com denominação de origem e 0,45 euros/litro no caso dos vinhos com indicação geográfica, havendo uma majoração para regiões com viticultura em zona de montanha, como o Douro, de 0,15 euros/litro e 0,20 euros/litro, respetivamente. Quanto à medida de armazenamento de vinho, o valor unitário foi de 0,16 euros dia/hectolitro (hl), até um montante máximo por beneficiário de 15.000 euros.

 

À margem deste pacote de ajudas, os produtores de vinho do Porto avançaram com a produção em regime de bloqueio, repetindo a solução de emergência que tinham experimentado em 1945, na ressaca da Segunda Guerra Mundial. Para financiar esta medida de armazenamento específica para a região, o Executivo socialista começou por libertar três milhões de euros dos saldos de gerência do IVDP, mas na sequência da pressão exercida pelos operadores acabou por reforçar a dotação para cinco milhões de euros.
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