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Brasil lidera aumento nas compras de vinho português em 2020
As exportações de vinho aumentaram 3,2% em valor e 5,3% em volume durante o ano passado, ascendendo a um novo máximo de 846 milhões de euros. São os franceses que bebem mais, mas os canadianos que pagam melhor.
Os brasileiros compraram mais 68 milhões de euros de vinho português em 2020, sendo os consumidores que mais aumentaram as encomendas aos produtores nacionais em volume (26,5%) e também em valor (23,5%), em comparação com o ano anterior.
No lista dos cinco melhores mercados externos, a única alteração de posição aconteceu precisamente na quinta posição. Segundo os dados do INE, o Canadá (50 milhões de euros) trocou de posição com a Alemanha (47,5 milhões de euros) e fechou o ano passado com o melhor preço médio: 3,64 euros por litro.
Mas se ninguém paga tanto pelo vinho português como os canadianos, os franceses seguem isolados como os maiores consumidores (110,5 milhões de euros), apesar de terem reduzido 2% o volume. É agora a única representante da União Europeia, depois da saída do Reino Unido, que continua a ser o terceiro melhor cliente para este setor (90 milhões de euros).
Falta referir apenas o mercado dos EUA, o segundo que mais contribuiu para as receitas do setor (92 milhões de euros), em resultado de um crescimento maior em volume (13,5%) do que em valor (3,1%). Liderou assim o grupo de países extracomunitários que compensaram a quebra de 11,1% registada no conjunto da União Europeia.
Contas feitas, as exportações de vinho cresceram 5,3%, para 846 milhões de euros. Na semana passada, durante a emissão online em que foram anunciados os prémios "Os Melhores do Ano 2020" da Revista dos Vinhos, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, já tinha antecipado este novo recorde de vendas no estrangeiro, frisando que estes valores "permitem ao Governo manter a meta dos 1.000 milhões de euros de exportações até 2023".
Produtores só usaram 60% dos apoios
O Governo disponibilizou um pacote de medidas de apoio ao setor dos vinhos no valor de 18 milhões de euros, dos quais 12 milhões destinados à chamada destilação de crise e os restantes seis milhões ao serviço do armazenamento. No entanto, só 11 milhões de euros acabaram por chegar aos bolsos dos produtores portugueses, correspondentes a 382 candidaturas aprovadas.
Apesar de quase 40% do dinheiro orçamentado em julho pelo Ministério da Agricultura ter ficado na gaveta, a ministra Maria do Céu Antunes já veio reclamar que estes resultados nas exportações refletem "o bom desempenho do setor, a sua capacidade de resiliência e de adaptação, mas também as medidas que a todo o tempo o Governo apresentou, em 2020, no sentido de dar respostas que ajudassem a minimizar os efeitos" da pandemia de covid-19.
"O Ministério teve um papel ativo e agiu rapidamente, criando previsibilidade aos viticultores e às empresas do setor e [minimizando] a perda de rendimento", propagandeou ainda a tutela, num comunicado enviado às redações esta sexta-feira, 12 de fevereiro.
Na destilação de crise, estavam em causa 0,60 euros/litro para os vinhos com denominação de origem e 0,45 euros/litro no caso dos vinhos com indicação geográfica, havendo uma majoração para regiões com viticultura em zona de montanha, como o Douro, de 0,15 euros/litro e 0,20 euros/litro, respetivamente. Quanto à medida de armazenamento de vinho, o valor unitário foi de 0,16 euros dia/hectolitro (hl), até um montante máximo por beneficiário de 15.000 euros.
À margem deste pacote de ajudas, os produtores de vinho do Porto avançaram com a produção em regime de bloqueio, repetindo a solução de emergência que tinham experimentado em 1945, na ressaca da Segunda Guerra Mundial. Para financiar esta medida de armazenamento específica para a região, o Executivo socialista começou por libertar três milhões de euros dos saldos de gerência do IVDP, mas na sequência da pressão exercida pelos operadores acabou por reforçar a dotação para cinco milhões de euros.